Na tribuna da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o deputado estadual Tiago Correia (PSDB) fez um duro pronunciamento contra os preços abusivos cobrados pelas companhias aéreas em voos que partem do interior do estado. A denúncia surgiu a partir de um requerimento apresentado pelo vereador Edivaldo Ferreira Júnior, de Vitória da Conquista, que levou o caso ao legislativo estadual.
“É um absurdo que fazem com os municípios do interior da Bahia. Quem volta de Vitória da Conquista para Salvador tem que ir a São Paulo ou a Belo Horizonte para chegar em Salvador. É mais fácil ir para São Paulo do que para a capital do estado.”
Preços nas alturas: quase R$ 8 mil por um trecho de 1 hora
Tiago Correia destacou o exemplo de Vitória da Conquista, onde há apenas um voo direto para Salvador em três dias da semana (segundas, quartas e sextas). Além disso, ele relatou que, ao simular uma viagem, encontrou preços exorbitantes:
“Sabe quanto custa ir pra Conquista amanhã ao meio-dia e voltar na sexta-feira? Sete mil novecentos e trinta e cinco reais. É mais caro do que uma passagem para a Europa, mais caro do que uma passagem para os Estados Unidos.”
Na simulação, a ida custava R$ 3.779,00 e a volta R$ 4.165,00, valores que superam passagens internacionais. Ou seja, viajar dentro da Bahia se tornou mais caro do que cruzar o Atlântico.
Impactos para o interior baiano
O deputado chamou atenção para os efeitos negativos dessa política de preços, que afastam os baianos de sua própria capital. Como consequência, muitos moradores já preferem buscar soluções fora do estado:
“Quem sofre é a população do interior. Já começa a procurar outros estados para resolver problemas que antes resolvia em Salvador — consultas médicas, estudos, compras para abastecer o comércio. Até os finais de semana de lazer na praia estão sendo substituídos por viagens para São Paulo.”
Dessa forma, segundo ele, toda a Bahia perde: por um lado a capital deixa de receber visitantes, e por outro o interior perde acesso facilitado a serviços e oportunidades.
Cobrança ao governo e às companhias aéreas
Tiago Correia pediu firmeza ao governo estadual no enfrentamento ao problema. No entanto, ressaltou que, até agora, as companhias aéreas têm liberdade total para definir preços e rotas:
“É preciso que o governo do estado entre com firmeza nesse assunto. As operadoras estão fazendo o que querem, botam os voos do jeito que querem, cobram o preço que querem, e quem sofre é a população da Bahia.”
Portanto, ele defendeu que haja uma reunião definitiva entre parlamentares e companhias aéreas para buscar uma solução concreta.
O problema dos preços abusivos no Brasil
O alerta do deputado não é isolado. De fato, a alta no valor das passagens aéreas tem sido motivo de críticas em todo o país. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), os preços médios das tarifas aéreas domésticas tiveram aumento de mais de 20% em 2023, pressionados pela alta do combustível de aviação e pela redução da malha aérea em cidades médias.
Na Bahia, em particular, o problema é ainda mais grave em cidades como Vitória da Conquista, Ilhéus, Porto Seguro e Juazeiro, que sofrem com a escassez de voos diretos para Salvador. Assim, a dependência de conexões em São Paulo ou Belo Horizonte encarece as viagens e distancia o interior da capital.
A fala de Tiago Correia expõe uma realidade que afeta milhares de baianos: o isolamento aéreo do interior em relação à capital. A denúncia de passagens mais caras que viagens internacionais reforça a urgência de diálogo entre governo estadual, Assembleia Legislativa e companhias aéreas.
Em resumo, enquanto não houver regulação mais firme e negociações eficazes, comerciantes, estudantes e pacientes continuarão sendo penalizados com custos inviáveis para se deslocar dentro do próprio estado.