Há quatro anos, Vitória da Conquista foi marcada por um crime brutal que tirou a vida da jovem Sashira Camilly Cunha Silva, de apenas 19 anos. Estudante de Engenharia Civil, ela tinha sonhos, projetos e um futuro promissor pela frente, mas foi vítima de uma violência covarde que ainda hoje ecoa na memória da cidade.
O crime que chocou Conquista
Sashira foi morta em 15 de setembro de 2021. Segundo as investigações, ela foi dopada pelo ex-namorado, Rafael Souza Lima, e, em seguida, sofreu uma série de agressões cruéis. O corpo foi encontrado nas margens da BR-116, no município de Planalto, a cerca de 50 km de Vitória da Conquista.
O caso foi enquadrado como feminicídio qualificado, com requintes de crueldade, e ganhou grande repercussão na Bahia. Outros dois homens, Marcos Vinícius Botelho Fernandes de Almeida e Felipe dos Santos Gusmão, também foram denunciados pelo crime.
A voz do pai: dor e indignação
Desde então, o pai de Sashira, o empresário Edilvânio Alves, conhecido como “Seis Dedos”, tem usado sua voz para denunciar a lentidão da Justiça e a sensação de impunidade. Em um desabafo emocionado, ele destacou:
“Hoje faz quatro anos da morte de Sashira, esse assassinato cruel que teve na cidade, e até hoje, infelizmente, a Justiça não condenou esses assassinos.”
O tom de revolta é inevitável. Ele relembra os detalhes mais dolorosos:
“Quem está condenada mesmo é a minha filha, que partiu tão nova, com 19 anos apenas, de um jeito trágico, brutal. Eles mutilaram, esfaquearam, enforcaram, estrangularam. E minha filha até hoje não teve justiça.”
Para ele, enquanto os acusados seguem com a vida, a família continua presa à ausência:
“Eles estão aí, com suas famílias bem, alegres, contentes. E minha filha até hoje não teve justiça.”
O impasse judicial
Apesar das provas e da comoção pública, o julgamento não aconteceu em Vitória da Conquista. A defesa dos acusados conseguiu o desaforamento do caso para Feira de Santana, sob alegação de que a repercussão local poderia interferir na imparcialidade do júri.
Essa decisão gerou ainda mais frustração para a família. O pai desabafou:
“Esse assassino matou minha filha em Vitória da Conquista e vai ser julgado em Feira de Santana. Será que eles pensaram nisso quando mataram a Sashira? A gente fica estarrecido com essa lei que só prevalece para marginais.”
A luta por justiça
O caso de Sashira Camilly escancara duas feridas da sociedade brasileira: a violência contra a mulher e a fragilidade do sistema judicial. Enquanto famílias inteiras seguem devastadas, acusados conseguem adiar julgamentos, obter habeas corpus e até mudar de cidade para serem julgados.
Para Edilvânio, a luta segue, mesmo em meio ao cansaço:
“São quatro anos sem Sashira e sem conseguir fazer justiça por ela. Infelizmente, nossa lei é branda só para os assassinos. Mas seguimos nesse sofrimento. Espero que um dia será feita justiça por Sashira. Deus está sempre no comando.”
Conclusão
A história de Sashira não pode cair no esquecimento. É uma denúncia contra o feminicídio, um grito contra a morosidade da Justiça e um apelo pela vida das mulheres que seguem expostas à violência.
Mais do que uma lembrança triste, sua memória deve servir como um chamado coletivo por justiça. Porque, como disse seu pai, “quem foi condenada mesmo foi minha filha”.
 
									 
					

