O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou nesta semana uma das declarações mais duras desde o acordo de cessar-fogo: “Se o Hamas continuar a matar pessoas em Gaza… não teremos outra escolha senão entrar e matá-los”, escreveu ele em sua rede social Truth Social. Além disso, repetiu a ideia em conversas com a imprensa, acendendo alertas sobre um possível retrocesso no frágil pacto entre Israel e o Hamas.
O que disse exatamente e onde
A advertência pública veio em 16 de outubro de 2025, em postagem no Truth Social, e foi complementada por comentários em entrevistas. Por exemplo, em trecho amplamente divulgado pela CNN, Trump afirmou que as forças israelenses “voltariam às ruas assim que eu disser a palavra”, caso o Hamas se recuse a cumprir o acordo de cessar-fogo. Assim, o tom sugere que Washington estaria disposto a usar sua influência para permitir ou incentivar uma retomada das operações israelenses.
Por que o recado foi dado
A repercussão tem relação direta com imagens e relatos de violência interna em Gaza após o cessar-fogo. De acordo com veículos, há registros de execuções e operações do Hamas contra grupos e pessoas acusadas de colaborar com Israel — notícias que indicam mais de 20–30 mortes em ações sumárias. Dessa forma, essas ações podem desgastar um acordo de paz frágil e abrir espaço para intervenção externa.
Limites e ambiguidades na declaração
É importante notar que, segundo reportagens, a Casa Branca e o próprio Trump fizeram esclarecimentos parciais depois das primeiras frases. Oficialmente, os EUA indicaram que não enviarão tropas para Gaza. Entretanto, sugeriu-se o uso de influência geopolítica — inclusive apoio a ações de aliados regionais — se o acordo for violado. Ainda assim, a escolha das palavras (“entrar e matá-los”) elevou a tensão e aumenta o risco de interpretações que podem precipitar o conflito.
Possíveis consequências
- Risco de quebra do cessar-fogo: ameaças públicas aumentam a probabilidade de reação por parte do Hamas, que pode entender o recado como pré-texto para retaliação.
- Pressão sobre aliados: Israel pode sentir respaldo para retomar operações se considerar que tem o apoio tácito dos EUA — algo que altera o cálculo político-militar na região.
- Impacto humanitário: qualquer retomada de ofensiva ampliaria o sofrimento da população civil em Gaza e dificultaria a entrega de ajuda humanitária.
- Dimensão legal e diplomática: declarações que flertam com ação militar direta suscitam debates sobre direito internacional, responsabilidade de proteger e limites da intervenção estrangeira.
O que acompanhar nos próximos dias
- Reações oficiais de Israel e parceiros regionais, para verificar se aceitarão ou não atuar com base na “palavra” de Washington.
- Evolução das investigações sobre as execuções internas em Gaza, incluindo número de mortos, vítimas e possíveis processos legais.
- Posicionamentos de organismos humanitários sobre acesso e segurança para entrega de ajuda.
Conclusão
Portanto, a linguagem usada pelo presidente dos EUA transformou um problema já complexo — a violência interna em Gaza que ameaça o cessar-fogo — em uma questão com alto potencial de escalada internacional. Mesmo que Washington não pretenda desembarcar tropas, a própria ameaça de “entrar e matá-los” complica negociações, fragiliza o acordo e aumenta o risco de que a população civil seja a principal vítima de um eventual retrocesso. Assim, a vigilância internacional e a pressão por soluções políticas e humanitárias seguem essenciais para evitar que a retórica se transforme em retorno de fogo real.