Na manhã desta terça-feira, o programa “Bom Dia Cidade”, da Rádio Câmara 90.3 FM, recebeu o líder comunitário Fabrício Thomaz, figura conhecida na Zona Norte de Vitória da Conquista, especialmente nos bairros Nova Cidade e Alto Maron. A conversa, conduzida pelo apresentador Vinícius Lima, trouxe à tona temas urgentes que afetam o cotidiano dos moradores — da falta de agentes comunitários de saúde à preocupação com as enxurradas e a infraestrutura urbana.
Saúde: falta de agentes e vacinas em atraso
Logo no início da entrevista, Fabrício destacou uma das principais queixas da comunidade: a ausência de agentes comunitários de saúde em diversas regiões.
“A minha mãe foi agente comunitária durante muitos anos. Desde que ela se afastou, o bairro ficou sem reposição. Já tem mais de um ano que estamos sem cobertura, mesmo após a realização de concurso público”, relatou.
Segundo ele, a falta de agentes compromete o acompanhamento das famílias e o acesso aos serviços básicos, como a emissão do cartão do SUS familiar. “A população quer uma resposta. Toda vez que procuramos o posto, ouvimos a mesma coisa: ‘estamos aguardando convocação da prefeitura’”, desabafou.
Outro ponto sensível levantado foi a escassez de vacinas. Fabrício contou que precisou esperar quatro meses para completar o ciclo vacinal da filha, de um ano e sete meses.
“Quando tem vacina, acaba rápido. E quando acaba, a gente fica sem previsão. É preocupante, principalmente para crianças e idosos, que são os mais vulneráveis”, alertou.
Infraestrutura e chuvas: o drama das enxurradas
Com a chegada do período chuvoso, Fabrício também falou sobre os problemas de drenagem que afetam bairros da parte alta da cidade. Segundo ele, a enxurrada é um desafio constante, especialmente na região da Avenida Bruno Barcelar e da Rua da Corrente, que divide o Panorama e o Alto Maron.
“Toda vez que chove forte, a água arrasta pedras e o terreno começa a ceder. Já está chegando perto do asfalto. A gente precisa que a prefeitura olhe isso com urgência”, cobrou o líder comunitário.
Além da drenagem, ele destacou que a impermeabilização do solo — resultado das calçadas cimentadas e desniveladas — contribui para o agravamento dos problemas.
“As calçadas são todas fechadas, umas mais altas, outras mais baixas. A água não tem por onde escoar, e isso gera correntezas perigosas”, explicou.
Fabrício ainda fez um alerta sobre a segurança das crianças, que costumam brincar nas enxurradas:
“É comum ver crianças jogando chinelo e correndo na água. Isso é um risco enorme, porque o fluxo é forte e carrega lixo e terra de terrenos baldios.”
Um olhar comunitário e construtivo
Mesmo diante das críticas, Fabrício manteve um tom propositivo. Ele reconheceu os esforços da prefeitura em algumas obras, como as intervenções no bairro Panorama, mas pediu mais diálogo com os moradores.
“A população quer ver resultado, mas também precisa entender que obra de drenagem não se faz debaixo de chuva. É importante cobrar, mas também compreender o processo”, ponderou.
Compromisso com a comunidade
Encerrando a entrevista, Fabrício reforçou que seu papel como liderança é ouvir e dar voz aos moradores, sem deixar de lado seu trabalho diário como balconista de farmácia.
“A gente trabalha, mas não abre mão de acompanhar os problemas da comunidade. Só quem vive lá sabe o que realmente precisa ser mudado”, afirmou.
O apresentador Vinícius Lima destacou a importância de abrir espaço na Rádio Câmara para vozes como a de Fabrício Thomaz:
“Essa é a rádio da casa do povo. E o povo precisa ser ouvido.”


