A divulgação de um vídeo de bastidores reacendeu debates intensos nas redes. As imagens mostram Luciano Huck orientando indígenas da aldeia Kuikuro, no Xingu, durante a gravação de um quadro do Domingão. No registro, ele pede que celulares não apareçam e que roupas consideradas “não tradicionais” fiquem fora do enquadramento. Assim, a fala gerou questionamentos imediatos.
No vídeo, Huck afirma que a presença de celulares tornaria a cena “menos cultural”. Por isso, ele solicita que todos escondam os aparelhos antes da gravação. Além disso, pede que moradores que usam roupas comuns saiam da cena. Para muitas pessoas, esse pedido reforça uma visão romantizada da cultura indígena.
A repercussão foi rápida. No entanto, as críticas não se limitaram ao conteúdo do vídeo. Muitos internautas apontaram que a orientação reforça estereótipos antigos sobre povos indígenas. Por outro lado, houve quem defendesse que a fala refletia apenas uma decisão estética do programa. Mesmo assim, a maioria viu a instrução como uma tentativa de controlar a imagem da comunidade.
O público argumenta que o uso de tecnologia não invalida a cultura indígena. Além disso, lembram que celulares fazem parte do cotidiano de diversas aldeias há anos. Portanto, tentar escondê-los geraria uma representação “limpa”, porém artificial. Dessa forma, o episódio levanta dúvidas sobre como a mídia constrói narrativas sobre povos tradicionais.
Em resposta à polêmica, Luciano Huck disse que o pedido não partiu dele. Segundo ele, a orientação seria um ajuste de direção de arte, comum em sets. Contudo, a explicação não reduziu a discussão. Enquanto isso, comentários continuam se multiplicando nas redes.
O caso evidencia uma questão maior: quem decide como os povos indígenas devem ser mostrados? Portanto, a polêmica não se resume a um erro de gravação. Ela abre espaço para refletir sobre representação, identidade e poder. Além disso, reforça a necessidade de respeito às formas contemporâneas de existência indígena, que incluem tecnologia, escolhas e autonomia.


