A violência contra a mulher no Brasil continua em alta. Mesmo após promessas de campanhas e discursos oficiais, os números mostram que o país ainda enfrenta um cenário grave. Em 2024, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 1.492 feminicídios, o maior número desde 2015. A maioria das vítimas tinha entre 18 e 44 anos. Além disso, mais de 60% eram mulheres negras. Em quase 80% dos casos, o agressor era parceiro ou ex-parceiro. A maior parte dos crimes ocorreu dentro da casa da vítima.
Além dos feminicídios, outros crimes também cresceram. As tentativas de feminicídio subiram 19% e chegaram a quase 3.900 registros. O crime de stalking aumentou 18,2%, ultrapassando 95 mil casos. Houve ainda alta nas notificações de violência psicológica e ameaças. O país também bateu recorde de estupros e estupros de vulnerável: foram 87.545 casos em 2024. Esses dados reforçam um padrão de violência constante e cada vez mais complexo.
Apesar de algumas ações governamentais, como restrições ao acesso a armas e programas de enfrentamento, os indicadores não caíram. Organizações da sociedade civil explicam que medidas isoladas não bastam. É preciso investir em prevenção, educação e apoio às vítimas. Além disso, especialistas afirmam que o sistema de proteção ainda falha ao garantir segurança real para mulheres que já denunciam.
Por outro lado, muitas propostas de endurecimento de penas avançam lentamente no Congresso. Isso alimenta críticas sobre a falta de prioridade política em relação ao tema. Enquanto isso, a violência cresce e mostra que discursos não se traduzem em prática.
Os números deixam claro: o problema é estrutural. A violência começa muitas vezes na esfera psicológica, evolui para perseguições e, em muitos casos, termina em morte. Portanto, o país precisa agir de forma integrada e contínua. Sem políticas públicas fortes, acompanhamento profissional e mudanças culturais profundas, a violência contra mulheres continuará aumentando.


