O novo pedido de empréstimo da prefeita Sheila Lemos, que pode chegar a R$ 400 milhões, começou a gerar movimentação política e institucional na Câmara Municipal de Vitória da Conquista. Embora o projeto ainda não tenha sido formalmente enviado ao Legislativo, as primeiras reações entre os parlamentares revelam um clima de prudência e cobrança por planejamento.
A proposta, segundo informações divulgadas pela imprensa local, prevê o uso do recurso para novos investimentos em infraestrutura urbana. O valor, se confirmado, superará o Finisa III, que injetou R$ 160 milhões na cidade em 2023, configurando-se como o maior financiamento da história do município.
Ivan Cordeiro: “Precisamos garantir que o investimento será feito de forma estratégica”
Presidente da Câmara Municipal, o vereador Ivan Cordeiro (PL) defendeu uma abordagem responsável sobre o tema:
“É fundamental que tenhamos cautela e avaliemos diversos aspectos antes de tomar qualquer decisão”, afirmou o presidente da Câmara.
Entre os pontos que, segundo ele, precisam ser analisados, estão o cronograma das obras relacionadas ao empréstimo anterior e o impacto financeiro do novo montante nas contas públicas:
“Precisamos garantir que o investimento será feito de forma estratégica e que a cidade realmente se beneficiará a longo prazo sem precipitar as contas do município”.
A fala do presidente reforça que, mesmo entre os aliados do governo, há compromisso com o rigor fiscal e com a transparência da gestão pública.
Babão: “Temos que analisar se o município tem condições de pagar”
Vereador de oposição, Ricardo Babão (PCdoB) também se mostrou cauteloso. Ele lembrou o histórico de tentativas de financiamento por parte do Executivo, nem todas bem-sucedidas, e questionou a viabilidade do novo pedido:
“Mas nós temos que analisar, ver como é que está a capacidade do município, se tem condições de pagar este empréstimo, né. Teve aquele empréstimo de 500 milhões que era do Banco Mundial, não deu certo. Ela tomou 160 milhões da Prefeitura, e agora está uma média de 300 a 400 milhões que estou vendo aí nas redes, pela imprensa.”
Paulinho Oliveira: “Assentar com muita frieza, sem muita pressa”
Integrante da base da prefeita, o vereador Paulinho Oliveira (PSDB) também adotou um discurso moderado. Ele destacou que todo novo projeto que envolve endividamento requer estudo aprofundado:
“Toda vez que vem um projeto, você tem que analisar e estudar qual o impacto econômico que vai gerar. Vai ser obra? Ótimo. E qual o poder de endividamento do nosso município? É isso que nós precisamos saber, analisar, assentar, com muita frieza, sem muita pressa”, afirmou.
A posição de Paulinho revela que, mesmo dentro da base, o clima é de responsabilidade e espera por dados técnicos que embasem o debate.
Adinilson Pereira: “Quero saber quais os impactos nas contas públicas”
Um dos discursos mais firmes partiu do vereador Adinilson Pereira (PSD), que associou a análise do empréstimo à realidade de regiões periféricas como a Lagoa das Flores, onde mora há quatro décadas:
“Terei muita cautela de votar em um empréstimo. Quero saber quais os impactos nas contas públicas e quais benefícios que trarão para toda a população.”
Ele também lançou um recado direto à gestão municipal:
“Eu preciso ter certeza do que pode acontecer aqui na Lagoa das Flores. Eu não posso me conformar com essa situação de sai prefeito e entra prefeito sem ter compromissos com o povo do lugar onde moro há 40 anos.”
A declaração reforça o descompasso entre a promessa de grandes investimentos e a realidade de bairros que ainda aguardam obras básicas.
A expectativa para o projeto
Apesar da repercussão antecipada, o projeto de lei que oficializa o pedido de empréstimo ainda não chegou ao plenário. A previsão é de que, tão logo seja protocolado, a proposta passe por análise técnica e discussão política, envolvendo comissões permanentes e audiências públicas.
O debate promete ser intenso, com a Câmara exercendo plenamente sua função de fiscalizar e deliberar com responsabilidade.
O que se vê, até agora, é uma Câmara unida na prudência, mesmo com diferenças partidárias.
A fala do presidente Ivan Cordeiro e de vereadores da base e da oposição mostra que não haverá espaço para aprovação apressada. Os parlamentares querem dados concretos, garantias de execução e planejamento claro — só assim o maior financiamento da história municipal poderá se tornar também um dos maiores avanços urbanos já vividos pela cidade.