Em 2025, um relatório alarmante vem revelando a dimensão da violência religiosa na Nigéria. Em apenas 220 dias — de 1º de janeiro a 10 de agosto — foram mortos 7.087 cristãos, vítimas do ataque de grupos islamistas. Outros 7.800 foram sequestrados violentamente pelo mesmo motivo. (ACI Digital)
Estes números não são apenas estatísticas; são vidas arrancadas, famílias destruídas, comunidades aterrorizadas. E o que eles nos dizem é que a crise vai muito além de conflitos locais — é uma questão de direitos humanos, de proteção religiosa e de falha sistêmica em garantir a segurança de minorias.
Quem são os responsáveis?
Os grupos apontados pelo relatório incluem:
- Milícias Fulani, etnia muçulmana com fazendeiros/pastores, muitas vezes acusados de atacar comunidades agrícolas cristãs. (ACI Digital)
- Grupos terroristas como o Boko Haram e a facção ISWAP (Província da África Ocidental do Estado Islâmico) atuantes no nordeste. (CPAD News)
- Outro grupo citado é a “Aliança para a Jihad na Nigéria”, estabelecida em 2020, que atua em estados como Níger. (ACI Digital)
Onde a violência é mais intensa
O relatório identifica vários estados mais afetados:
Estado / Região | Mortes estimadas | Observações principais |
---|---|---|
Benue | ~1.100 mortes | Inclui massacres como o de Yelewata (≈280 mortos) e Sankera (≈72 mortos) (ACI Digital) |
Plateau | 806 mortes | Com cerca de 300 mortes em abril (ACI Digital) |
Sul de Kaduna | Cerca de 620 mortes | Muitos sequestros nesta região; ocorre censura de líderes cristãos (ACI Digital) |
Região Igbo (Sudeste) | 615 mortes | Ataques jihadistas e sequestros (ACI Digital) |
Sudoeste | 610 mortes | Ataques em rodovias importantes como Lagos–Ibadan etc. (ACI Digital) |
Estado do Níger | 605 mortes | Também se registram muitos sequestros; agrupamentos jihadistas ativos (ACI Digital) |
Outros dados relevantes & contexto
- A média calculada é de 30 mortos por dia entre cristãos, por motivos religiosos. (ACI Digital)
- Em paralelo, 35 cristãos sequestrados por dia no mesmo período. (Folha Gospel)
- O relatório acusa o governo nigeriano de não fazer cessar a impunidade — muitos perpetradores não são presos, enquanto vítimas que tentam se defender são criminalizadas. (CPAD News)
- Desde 2009: estimativas apontam 125 mil cristãos mortos e cerca de 60 mil muçulmanos liberais no mesmo período, segundo o mesmo estudo. Mais de 19 mil igrejas foram destruídas ou atacadas até agora. (Folha Gospel)
Reflexões e impactos
- Perda de comunidades: As comunidades cristãs rurais sofrem duplamente — morrem pessoas, mas também perdem terras, meios de sustento, líderes religiosos e sociais. O deslocamento interno é comum.
- Destruição de espaços de culto: Igrejas são alvo frequente, tanto para atacar fisicamente, quanto para desestabilizar a identidade cultural e religiosa.
- Dimensão internacional: Organizações de direitos humanos e instituições religiosas alertam para o risco de considerar esta violência como genocídio ou perseguição sistemática. Há pedidos de intervenções diplomáticas, sanções, reconhecimento internacional do problema.
- Desafio governamental: Se por um lado o governo afirma que muitos conflitos têm causas históricas entre pastores e agricultores, por outro há críticas de que esse argumento ignora a parte religiosa, ideológica e terrorista da violência. (CPAD News)
Conclusão
O relatório da Intersociety revela um cenário que exige urgência: mais de 7 mil mortes cristãs em pouco mais de meio ano, em razão de sua fé. Isso é inaceitável num estado que deveria proteger todos os seus cidadãos. A comunidade internacional, os líderes religiosos, as organizações de direitos humanos e os próprios nigerianos têm diante de si um imperativo moral: agir.
É necessário não só levantar dados, mas criar mecanismos de proteção, responsabilização dos perpetradores, garantir segurança às minorias, e promover reconciliação.