Na última semana, a deputada republicana dos Estados Unidos, María Elvira Salazar (Flórida), enviou um recado direto ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em postagem nas redes sociais, ela afirmou:
“O povo brasileiro, não você, não elites corruptas, deve decidir quem lidera o Brasil. Qualquer outra coisa é ditadura.”
O comentário repercutiu fortemente porque ocorre em meio ao julgamento da ação penal 2668. Esse processo investiga uma suposta tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e membros de seu núcleo político mais próximo.
Críticas ao STF e acusações de perseguição política
Salazar, que já havia chamado Moraes de “operador totalitário” em outras ocasiões, voltou a reforçar sua posição. Para ela, as medidas contra Bolsonaro configuram perseguição política.
Além disso, a parlamentar celebrou as sanções aplicadas pela Lei Magnitsky contra figuras ligadas a abusos de direitos humanos. Segundo ela, tais medidas servem como um aviso claro para “tiranos ao redor do mundo”.
Ainda em sua declaração, Salazar destacou que:
“O hemisfério está rejeitando o socialismo e a tirania. Estamos mais unidos do que nunca.”
O pano de fundo brasileiro: corrupção e descrédito institucional
As palavras da congressista americana encontram eco em um cenário complexo no Brasil. De fato, nas últimas décadas, escândalos como o da Lava-Jato revelaram a profundidade da corrupção no sistema político e empresarial.
- Em 2018, o Brasil registrou apenas 35 pontos no Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional — uma das piores notas de sua história recente.
- Além disso, pesquisas do Global Corruption Barometer mostraram que 78% dos brasileiros acreditavam que a corrupção estava aumentando.
- Por outro lado, mais da metade da população via o Parlamento como majoritariamente corrupto, o que minava a confiança em pilares democráticos.
Consequentemente, essa erosão de credibilidade fortalece discursos que questionam a legitimidade de elites políticas e jurídicas no processo de decisão do país.
Democracia em tensão
O Brasil vive hoje uma encruzilhada: até que ponto o Judiciário pode exercer seu papel sem ultrapassar limites democráticos? A atuação de ministros como Alexandre de Moraes é vista por uns como necessária para conter ataques institucionais. No entanto, outros a interpretam como excesso de poder e centralização.
Assim, quando uma deputada dos EUA se manifesta sobre a democracia brasileira, fica evidente que a crise interna transcende fronteiras e chama atenção internacional.
A fala de María Elvira Salazar expõe uma ferida já conhecida: a disputa entre instituições, elites e a vontade popular. Portanto, para além das paixões políticas, a questão central permanece:
Quem deve decidir o futuro do Brasil — o povo nas urnas ou as elites que controlam os mecanismos de poder?