Durante uma entrevista a Luiz Bacci, o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, falou abertamente sobre a operação de segurança que repercutiu em todo o país. A ação, que ocorreu há duas semanas, teve como alvo o Comando Vermelho e o narcotráfico armado.
Logo no início da conversa, Bacci perguntou se Castro havia falado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a operação. A resposta foi direta:
“Não foi ainda. Ele não ligou, nem por telefone, nem e-mail, nem telegrama, nada.”
Segundo o governador, somente ministros do governo federal o procuraram — o ministro da Justiça, o chefe da Casa Civil e a ministra Gleisi Hoffmann. Porém, Lula manteve o silêncio.
Quando Bacci questionou o motivo, Castro tentou ser diplomático, mas demonstrou incômodo:
“Talvez ele tenha deixado pros assessores dele falarem. Mas ele mesmo, não ligou em momento algum.”
Castro reforçou que o governo fluminense está aberto à cooperação.
“Desde o início, deixamos claro: quem quisesse ajudar seria bem-vindo. Quem não quisesse, era melhor que não viesse.”
“Não dá pra vencer essa guerra sozinho”
Bacci também perguntou se o governo federal e o estadual estavam em sintonia no combate ao tráfico. A resposta foi categórica:
“Não é o foco deles como é o nosso. O governo estadual entendeu o tamanho do desafio. Já o governo federal ainda pensa só no que é sua responsabilidade constitucional.”
Para o governador, o combate à criminalidade exige união real.
“As batalhas a gente vai vencer, mas a guerra só se vence com todo mundo junto. Nenhum estado tem condição de vencer essa guerra sozinho.”
Além disso, Castro destacou que o Rio atua no combate à lavagem de dinheiro e no bloqueio da entrada de armas. Porém, ele acredita que o governo federal ainda não compreendeu a gravidade do problema.
Esperança em decisão do STF
Castro demonstrou esperança na decisão do STF sobre a ADPF 635, que cobra maior integração e financiamento entre os entes federativos.
“Essa decisão pode ser um farol. Lá o Supremo cobra integração e financiamento. Acredito que pode ser a luz no fim do túnel para o governo federal nos ajudar de verdade.”
Conclusão
A entrevista escancara a falta de diálogo entre o Palácio Guanabara e o Planalto. Enquanto o Rio tenta enfrentar o crime organizado, o governador lamenta a ausência de apoio direto de Brasília.
Por fim, o recado de Claudio Castro foi claro: sem união entre governos, a guerra contra o narcotráfico continuará desigual e sem fim.

