Mais de 240 Crianças Assistidas: Conheça o Projeto Que Já Transformou Uma Geração

Em uma conversa inspiradora no programa Bom Dia Cidade, da Rádio Câmara 90.3 FM, os ouvintes foram convidados a conhecer o trabalho transformador de Priscila, fundadora do Projeto Falcão. Essa é uma iniciativa que, há 17 anos, vem mudando a realidade de centenas de crianças e adolescentes.

Priscila, pedagoga e filha de mãe nordestina, compartilhou sua trajetória com os apresentadores Vinícius Lima e Anuska Meirelles. Natural do Rio de Janeiro, ela se mudou ainda jovem para o interior da Bahia. Desde então, enfrentou, junto com sua família, a falta de políticas públicas e de acolhimento. Foi nesse cenário de necessidade que nasceu a semente do Projeto Falcão.

Da sopa no hospital à transformação de uma comunidade

A ideia surgiu em um momento de vulnerabilidade. Ao levar seu filho ao hospital e, sem ter onde comprar alimento, Priscila recebeu um copo de sopa de um projeto social. Esse gesto de solidariedade marcou sua vida. Por isso, ela prometeu: “No dia que eu sair daqui, eu vou fazer diferente.”

Com o tempo, a promessa virou ação. Com apoio do marido, do filho e do irmão — todos envolvidos com esporte e educação física — nasceu o Projeto Falcão. Inicialmente conhecido como “Anjo de Luz”, o projeto evoluiu para abraçar o nome atual, simbolizando força e visão. Infelizmente, o nome original pretendido, “Carcará”, já estava registrado.

Um projeto familiar que virou gigante

O projeto cresceu. Atualmente, oferece oficinas de capoeira, futebol, atividades lúdicas, biblioteca comunitária, reforço escolar e ações culturais. Ele atende mais de 240 crianças. Tudo isso é mantido com recursos da própria família de Priscila. “Tudo é feito com organização”, conta ela. Além disso, toda a programação do ano é definida em janeiro, com distribuição clara de responsabilidades.

As atividades vão desde o dia das mães até a ceia de Natal. Aliás, cada ação é planejada com antecedência para que nenhum detalhe passe despercebido. “Para fazer a festa de outubro, eu participo de bolão o ano inteiro e retiro o dinheiro nessa época”, explica Priscila.

Superando o preconceito com perseverança

No início, um dos maiores desafios foi o preconceito com a capoeira. Muitas famílias associavam a prática a religiões afro-brasileiras e hesitavam em permitir que seus filhos participassem. Contudo, Priscila e sua equipe trabalharam para mostrar que a capoeira é uma arte, uma luta e um esporte. Gradualmente, a comunidade passou a aceitar e, hoje, mais de 60 crianças participam da atividade com entusiasmo.

Educação como base de tudo

Mais do que esporte, o Projeto Falcão exige que todas as crianças estejam matriculadas e frequentando a escola. Priscila acompanha boletins, cobra disciplina e incentiva o estudo. “Ano passado, quatro adolescentes do projeto entraram na faculdade pelo ProUni. Isso é fruto de um trabalho contínuo”, destaca.

Oficinas que ensinam cidadania

Iniciativas como o “Pintando de Amor”, em que as crianças pintam casas da comunidade, e o “Recortando História”, onde entrevistam idosos do bairro, promovem valores como empatia, pertencimento e memória coletiva. Desse modo, o projeto vai muito além do esporte.

Formando cidadãos para o futuro

Além de ensinar ética e leis, o projeto estimula o respeito à diversidade religiosa e o fortalecimento dos vínculos familiares. “Cada criança precisa saber que é cidadã, tem direitos e deveres, e que seus maiores aliados são os pais ou responsáveis”, afirma Priscila.

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