Segundo o Correio 24 Horas, a Guarda Civil Municipal de Xique‑Xique, cidade do oeste da Bahia, prendeu um homem em flagrante por furtar uma creche no sábado (4). No entanto, ao levarem o suspeito à Delegacia Territorial de Xique‑Xique, os guardas descobriram que a delegacia não recebia presos aos finais de semana. Por isso, eles tiveram que liberar o homem.
A Polícia Civil explicou que, nos finais de semana e feriados, os flagrantes devem ser levados ao plantão central da 14ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin), em Irecê, porque muitas delegacias territoriais da região não funcionam nesses períodos.
Em Xique‑Xique, a Polícia Militar atende a cerca de 44.757 habitantes com apenas uma guarnição. A viagem até Irecê percorre cerca de 112 km, o que consome aproximadamente quatro horas de deslocamento — sem contar o tempo para formalizar a prisão, o que sobrecarrega ainda mais o efetivo local.
A partir da próxima sexta-feira (10), a Delegacia Territorial de Xique‑Xique terá plantão extraordinário nos finais de semana, para evitar novas liberações de flagrantes.
Análise crítica
1. Falhas institucionais
O caso evidencia a deficiência das delegacias territoriais em municípios do interior, que não funcionam nos finais de semana. Sem plantão local, os flagrantes enfrentam barreiras logísticas e administrativas.
2. Conflito entre efetivo policial e demanda
A pequena equipe local torna difícil cobrir toda a cidade, especialmente nos fins de semana, quando os delitos tendem a aumentar. Se uma viatura se desloca até Irecê para levar um preso, a cidade fica temporariamente desprotegida.
3. Impacto legal e sensação de impunidade
A prisão em flagrante permite que a polícia custodie suspeitos até apresentá-los à Justiça. Quando a delegacia se recusa a receber presos, esse princípio sofre, e a população pode sentir que o crime fica impune.