Na manhã de 1º de outubro de 2025, a Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e outras instituições de controle, deflagrou a Operação Estado Anômico. O objetivo foi desarticular uma milícia que atuava em Feira de Santana e em cidades vizinhas.
Alvos e mandados
A Justiça expediu 10 mandados de prisão preventiva e 18 ordens de busca e apreensão. As investigações apontam crimes de lavagem de dinheiro, agiotagem, extorsão, receptação qualificada e jogo do bicho. Além disso, os investigadores determinaram o bloqueio de até R$ 9 milhões em contas bancárias ligadas aos suspeitos.
Um dos principais alvos é o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha (PRD-BA). Até o momento, ele permanece foragido. Contudo, a Polícia Federal já prendeu a esposa do parlamentar, Mayana Cerqueira da Silva, e seu filho, João Guilherme.
As autoridades também prenderam quatro policiais militares, apontados como responsáveis pela segurança pessoal do deputado. Dessa forma, oito dos dez mandados de prisão já foram cumpridos.
Contexto e acusações
A PF classifica o grupo como uma organização criminosa estruturada e sofisticada, capaz de ocultar ganhos ilícitos e intimidar adversários. O nome “Estado Anômico” faz referência a uma condição social marcada pelo enfraquecimento de regras e valores, o que favorece o avanço do crime organizado.
Apesar de medidas cautelares anteriores, os investigadores afirmam que o esquema continuou funcionando. Para isso, os envolvidos utilizaram empresas de fachada, laranjas e movimentações financeiras dissimuladas. Além disso, a polícia encontrou dinheiro em espécie em um imóvel de luxo ligado ao deputado, o que reforça as suspeitas sobre a origem dos recursos.
Histórico: da “El Patrón” à nova operação
A Operação Estado Anômico surgiu como desdobramento da Operação El Patrón, realizada em dezembro de 2023. Naquela ocasião, o Ministério Público denunciou 15 pessoas, entre elas Binho Galinha e familiares. Embora o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tenha anulado parte das medidas em 2024, por falhas formais, os indícios de continuidade das práticas criminosas levaram a uma nova ofensiva policial.
Implicações políticas e sociais
O caso provoca efeitos que vão além da esfera criminal. Primeiro, expõe a fragilidade dos mecanismos de controle sobre o poder público, já que um deputado estadual aparece como líder de milícia. Segundo, acende um alerta para a segurança pública, pois a infiltração de organizações criminosas nas estruturas do Estado mina a confiança da população. Por fim, reforça o desafio das instituições em agir de forma coordenada para combater grupos que contam com proteção política e forte poder econômico.


