Vitória da Conquista (BA) – Mudanças recentes na rede estadual de ensino provocam forte reação entre educadores e gestores. O impacto é sentido principalmente no Instituto de Educação Euclides Dantas (IEED), uma das escolas mais tradicionais da cidade.
Professores e funcionários divulgaram uma carta aberta para expressar indignação diante das decisões consideradas injustas e desumanas. Além disso, o documento denuncia a falta de diálogo e a ausência de critérios técnicos e pedagógicos na condução das mudanças.
A retirada do professor doutor Alexandre de Jesus Santos da direção do IEED causou grande comoção entre docentes, estudantes e famílias. Sob sua liderança, a escola conquistou avanços pedagógicos, ampliou projetos inclusivos e fortaleceu o vínculo com a comunidade. Por isso, a notícia de sua substituição gerou surpresa e tristeza dentro da comunidade escolar.
A indignação se intensifica pelo fato de que a antiga escola será fechada e os alunos serão transferidos para a nova unidade, mas o diretor Alexandre não os acompanhará. Educadores e famílias afirmam que essa medida rompe vínculos afetivos e pedagógicos construídos ao longo dos anos, além de comprometer a continuidade de projetos desenvolvidos sob sua gestão.
“É difícil compreender por que uma gestão tão comprometida e bem-sucedida está sendo interrompida dessa forma”, afirmou uma professora que preferiu não se identificar. Apesar disso, o corpo docente segue unido e pede mais transparência nas decisões da Secretaria de Educação.
Carta aberta destaca ética, diálogo e respeito
Na carta, os educadores reforçam que não se opõem às substituições em si. Contudo, afirmam que o processo deve ser guiado por diálogo e por critérios éticos, técnicos e pedagógicos.
O texto enfatiza que a educação pública precisa valorizar o compromisso de quem constrói, com esforço e dedicação, um ambiente escolar acolhedor. “É inaceitável que o trabalho de quem promove uma escola humana e democrática seja desfeito por motivações alheias ao mérito e à competência”, diz um trecho.
Além disso, os profissionais pedem que as próximas escolhas de gestores sejam transparentes. “Uma administração democrática se pauta na integridade, no respeito e na transparência”, afirmam.
Clima de comoção e resistência
As mudanças geraram comoção e mobilização dentro e fora da escola. Nas redes sociais, ex-alunos e professores têm publicado mensagens de apoio à atual gestão e de protesto contra as decisões administrativas.
Enquanto isso, o sentimento predominante é de resistência. Muitos veem as mudanças como uma tentativa de apagar trajetórias e conquistas construídas com muito esforço. “Interromper o trabalho de equipes comprometidas é negar, na prática, os princípios da educação pública”, aponta outro trecho da carta.
Assim, a comunidade escolar busca ser ouvida e pede que as autoridades considerem o impacto humano e pedagógico das decisões.
Falta de esclarecimentos e expectativa de diálogo
Até o momento, a Secretaria de Educação do Estado não divulgou uma nota oficial explicando os critérios das substituições ou o processo de reorganização administrativa.
A comunidade do IEED aguarda um posicionamento e insiste na importância de um diálogo aberto entre governo, gestores, professores e estudantes. Segundo os educadores, apenas o diálogo pode evitar que medidas burocráticas prejudiquem o trabalho pedagógico e o bem-estar da escola.
O legado do IEED e a valorização da educação pública
O Instituto de Educação Euclides Dantas tem papel histórico na formação de gerações em Vitória da Conquista. Ao longo dos últimos anos, destacou-se por promover projetos inovadores e por fortalecer o sentimento de pertencimento entre seus alunos.
A comunidade escolar defende que esse legado seja preservado. Dessa forma, esperam que o reconhecimento do trabalho desenvolvido sirva de base para decisões mais justas e transparentes.
O caso do IEED reacende um debate importante: a necessidade de valorizar o mérito, o compromisso ético e o diálogo na gestão da educação pública. Para professores e funcionários, esses são pilares que não podem ser substituídos por critérios políticos ou administrativos.