Em uma operação conjunta realizada nesta 23 de outubro de 2025, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram a Operação Intercessor, que investiga desvios de recursos públicos e lavagem de dinheiro em municípios da Bahia. A ação, detalhada no Blog do Sena, envolve contratos que vinham sendo prorrogados de forma irregular desde 2021. Além disso, movimentações financeiras suspeitas possivelmente destinavam-se a financiar campanhas eleitorais.
Para esclarecer os detalhes da operação, os profissionais estiveram no programa Conquista Meio Dia, da rádio Conquista FM (92,5), apresentado por Vinícius Lima, Dr. Washington Rodrigues e Robson do Val.
Entrevista com Dr. Rodrigo Kolbe – Delegado da Polícia Federal
Dr. Rodrigo Kolbe enfatizou o caráter garantista da atuação da PF:
“É importante que a população tenha isso em mente: o nosso processo é um processo garantista. Ele precisa ter o devido processo legal, de ampla defesa e contraditório. E isso muitas vezes demora realmente muito tempo… Mas é importante que todo mundo tenha o seu direito de defesa e possa apresentar suas argumentações. E os advogados estão ali pra isso.”
Além disso, o delegado explicou a importância da fase pós-deflagração da operação:
“A parte que aparece na mídia é apenas a deflagração. Porém, a parte pós-deflagração é a mais importante, pois é onde as provas vão sendo robustecidas e confirmam todas as suspeitas que trouxemos. É ali que alimentamos o Ministério Público para que ele possa fazer a denúncia de forma robusta.”
Ele ainda detalhou a complexidade de investigar grandes operações. Para esclarecer:
“Hoje é possível ter uma condenação criminal em casos desse tipo com dois ou três anos, apesar de parecer muito para vocês. O tempo da justiça, considerando toda a complexidade de mover essa máquina pública, é irrelevante. É essencial respeitar a ampla defesa e o devido processo legal.”
Dr. Kolbe também abordou o uso de tecnologia e inteligência na fiscalização. Segundo ele:
“Somos muito poucos para muita coisa. Por isso, a Polícia Federal tem desenvolvido sistemas de inteligência e tem usado inteligência artificial para detectar elementos de fraude ou circunstâncias que ajudem a identificar crimes. O efetivo de policiais é limitado, mas a tecnologia tem ampliado nosso alcance.”
Entrevista com Dr. Lázaro – Agente da CGU
Dr. Lázaro explicou o papel da CGU na responsabilização administrativa:
“A CGU pode aplicar processos administrativos de responsabilização, exigindo que empresas envolvidas paguem multa por atos ilegais. Não se trata apenas de punir, mas de responsabilizar de forma adequada os envolvidos.”
Além disso, sobre a continuidade das atividades municipais, ele esclareceu:
“Nesse caso em específico, não há suspensão de contratação porque são recursos de fundo a fundo. Caso fossem convênios, poderia haver tomada de contas e suspensão de recursos.”
Indícios de desvio para campanhas eleitorais
Questionados sobre o destino dos recursos, os especialistas explicaram que há indícios de que parte do dinheiro foi utilizada para financiamento de campanhas eleitorais. Os saques eram organizados de forma a evitar alertas de órgãos de controle:
“Os extratos bancários mostram que havia saques semanais de R$ 49.950, feitos por pessoas da região de Encruzilhada e não da sede da empresa em Barreiras. O esquema era bem montado, passando de empresa para pessoa física, familiares, em camadas, justamente para dificultar a fiscalização”, detalhou Dr. Kolbe.
Próximos passos da investigação
Sobre os próximos municípios a serem investigados, o delegado ressaltou a estratégia da PF. Segundo ele:
“Trabalhamos em várias frentes. Existe um rito da investigação: se trouxermos todos os casos de uma vez, atrasamos condenações. É mais eficiente atacar cada caso individualmente e estratificar a investigação.”
Essa matéria reflete os esclarecimentos fornecidos por Dr. Rodrigo Kolbe, delegado da Polícia Federal, e Dr. Lázaro, agente da CGU, reforçando o compromisso das instituições na proteção do patrimônio público e na responsabilização de envolvidos em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro.


