Com o objetivo de contribuir para a mobilização nacional pela saúde mental materna, o vereador Subtenente Muniz promoveu uma audiência pública na Câmara Municipal de Vitória da Conquista, reunindo especialistas, ativistas, profissionais da saúde e representantes do poder público. O evento foi transmitido ao vivo pela Rádio Câmara e acompanhado por moradores da sede e das comunidades rurais do município.
A audiência marcou um importante espaço de escuta e proposição em torno dos desafios enfrentados pelas mulheres no ciclo da maternidade — da gestação ao puerpério — e reforçou a urgência de políticas públicas voltadas para o acolhimento psicológico das mães.
Um tema urgente e sensível
A psicóloga Nayara Alves, idealizadora da audiência, abriu o debate destacando o impacto da gravidez e do pós-parto na saúde mental das mulheres. “A gestação transforma o corpo, a mente e a vida social da mulher. Quando isso não é acolhido com empatia e informação, pode gerar sofrimento, culpa, abandono e até depressão”, afirmou.
Ela propôs a criação de um pré-natal psicológico nas unidades de saúde, onde as vulnerabilidades emocionais possam ser identificadas e acompanhadas desde o início da gestação.
Profissionais da linha de frente reforçam o alerta
A professora e pesquisadora Monalisa Barros, com mais de 40 anos de atuação em humanização do parto, criticou a falta de execução das leis municipais já aprovadas e reforçou a importância de implementar, de fato, ações práticas. “Conquista já tem leis importantes, como a que institui o Maio Furta-Cor e tipifica a violência obstétrica. Agora é hora de tirar essas leis do papel”, disse.
Ela também apontou a necessidade de acesso a analgesia, presença de doulas e protagonismo das enfermeiras obstétricas como elementos fundamentais para garantir partos respeitosos e com impacto positivo na saúde mental das mães.
Vozes da prática: doulas, enfermeiras e conselheiras
A doula Jamile Moitinho emocionou o público ao lembrar que a violência obstétrica muitas vezes não vem apenas dos hospitais, mas também de familiares e parceiros. “O parto começa na cabeça da mulher. Se ela não estiver fortalecida, vai sofrer. A Doula está ali para informar, acolher e garantir que ela se sinta dona do próprio corpo”, disse.
Já a enfermeira obstetra Jeane Keila propôs a inclusão do plano de parto como política pública nas UBSs. “É um documento simples, mas que dá voz à mulher e evita intervenções desnecessárias que podem afetar profundamente sua saúde emocional”, explicou.
A conselheira tutelar Mickelle Xavier, mulher negra e moradora do bairro Miro Cairo, levou à tribuna o grito das mães periféricas. “A gente morre por ser mulher, e morre de silêncio. Saúde mental é política urgente para as mulheres da periferia”, afirmou.
Um chamado à ação
A audiência também contou com a presença da secretária municipal de saúde, Fernanda Maron, da vereadora Márcia Viviane, e de profissionais da Fundação de Saúde, como a presidente, Ceres Neide, que reforçaram o compromisso de ampliar a capacitação das equipes e pensar em estratégias de escuta e acolhimento nas redes pública e privada.
O vereador Subtenente Muniz encerrou destacando que o evento não se trata apenas de uma pauta técnica, mas de uma causa social e humanitária. “Nosso mandato está à disposição para construir soluções junto com a sociedade civil. Saúde mental materna precisa sair dos bastidores e ser tratada como prioridade”, concluiu.