O governo Lula voltou a ser alvo de questionamentos após ocultar, por meses, os valores pagos pela Advocacia-Geral da União (AGU) em honorários advocatícios. Ao todo, foram cerca de R$ 2,5 bilhões que simplesmente deixaram de ser divulgados. Embora o governo tenha alegado ajustes técnicos, a omissão ocorreu justamente no período em que os pagamentos mais altos foram realizados. Consequentemente, o episódio levantou fortes suspeitas de falta de transparência.
Além disso, os dados só voltaram a aparecer no Portal da Transparência após forte pressão da imprensa e de órgãos fiscais. Porém, quando finalmente foram reexibidos, já não havia clareza sobre os critérios de distribuição. Quem recebeu? Quanto recebeu? Por que recebeu? Dessa forma, as respostas ficaram indefinidas e o clima de desconfiança aumentou.
Contradição com o discurso de transparência
Durante a campanha, Lula afirmava que iria derrubar sigilos, abrir informações e fortalecer o controle social. No entanto, o que se viu nesse caso foi exatamente o oposto: a ocultação de dados bilionários que deveriam ser públicos. Além disso, o governo vinha criticando “supersalários” no serviço público, mas os registros mostram pagamentos individuais que ultrapassaram R$ 100 mil, chegando até mesmo a mais de R$ 500 mil em certos meses. Portanto, a incoerência entre discurso e prática ficou evidente.
Risco de aparelhamento e privilégios internos
A falta de transparência abre espaço para suspeitas de favorecimento. Por outro lado, quando o Estado oculta informações essenciais, cria a impressão de que há algo a esconder. Assim, o sigilo imposto sobre os honorários da AGU parece fortalecer a narrativa de aparelhamento estatal. Além disso, o fato de a omissão coincidir com pagamentos elevados reforça a suspeita de que não se tratava de falha técnica, mas sim de uma decisão política.
Prejuízo ao controle social
O controle social depende de acesso amplo e claro às informações públicas. Contudo, quando o governo esconde gastos bilionários, enfraquece a confiança da população e compromete a fiscalização. Consequentemente, abre-se um precedente perigoso: se esse tipo de ocultação for tolerado, outros gastos também poderão ser escondidos no futuro. Enquanto isso, a sociedade permanece sem saber como seu dinheiro é utilizado.
Conclusão: um alerta necessário
O sigilo dos R$ 2,5 bilhões pagos pela AGU não é apenas um erro administrativo. Pelo contrário, é um sinal de que a transparência pode estar sendo substituída pela opacidade. Assim sendo, é fundamental que a sociedade cobre explicações claras, responsabilidade e coerência. Em síntese, a democracia só se fortalece quando a luz permanece acesa — e não quando valores bilionários são escondidos nos bastidores.


