O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou nesta terça-feira (28) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou três pedidos de apoio militar para uma megaoperação contra o tráfico nas comunidades da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio.
Segundo Castro, o estado solicitou o envio de tanques da Marinha, armamentos de precisão e apoio logístico. Todos os pedidos foram recusados.
Lula rejeitou pedidos por não decretar GLO
De acordo com o governador, o governo federal argumentou que as Forças Armadas só poderiam atuar por meio de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), decreto que depende da autorização do presidente da República.
Como Lula já havia se manifestado contra o uso desse instrumento, os pedidos não avançaram.
“Não pedimos desta vez porque já tivemos três negativas. Entendemos a política de não ceder”, disse Castro.
Operação foi conduzida apenas com forças estaduais
Sem o apoio federal, o governo fluminense organizou a megaoperação com recursos próprios.
A ação teve como alvo cerca de 100 líderes do Comando Vermelho (CV), atuantes em 26 comunidades.
No total, 81 pessoas foram presas, segundo balanço divulgado pelas autoridades estaduais.
Castro declarou que o estado enfrenta um poder bélico acima do esperado, com armas de uso restrito e influência de organizações internacionais.
Para ele, essa situação mostra que o Rio de Janeiro não deveria lutar sozinho nessa guerra contra o crime.
Governo federal ainda não respondeu oficialmente
Até o momento, não houve resposta oficial do Palácio do Planalto ou dos ministérios envolvidos.
A ausência de manifestação aumenta a tensão entre o governo federal e o estadual, especialmente sobre os limites de atuação das Forças Armadas em operações internas.
Impasses e consequências
A negativa de apoio militar reacende o debate sobre cooperação entre União e estados na segurança pública.
Enquanto o governo Lula prefere restringir o uso das Forças Armadas em operações policiais, o Rio de Janeiro afirma precisar de ajuda para conter o avanço das facções.
Essa divergência mostra um impasse entre autonomia estadual e prerrogativas federais, o que dificulta ações conjuntas e amplia o peso sobre as forças locais de segurança.


