O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou que será candidato à Presidência da República nas próximas eleições. A decisão movimenta o tabuleiro político brasileiro e traz consigo uma série de implicações tanto para a direita quanto para a esquerda.
O peso do nome Bolsonaro
Não é segredo que o sobrenome Bolsonaro ainda exerce forte influência sobre uma parte significativa do eleitorado. Embora Jair Bolsonaro esteja fora de disputa direta por questões judiciais — ele está inelegível até 2030 por decisão do TSE —, a presença de seu filho na corrida presidencial pode funcionar como um atalho para manter a família no centro do debate político.
Além disso, Eduardo já conta com visibilidade internacional por suas conexões com figuras da direita global, como Donald Trump e Viktor Orbán, o que pode fortalecer sua imagem de liderança conservadora.
As vantagens de Eduardo na disputa
Entre os fatores que jogam a favor de Eduardo Bolsonaro estão:
- Base eleitoral consolidada — Herdada em grande parte do bolsonarismo, que ainda mantém militância engajada.
- Apoio partidário — O PL já é uma das maiores siglas no Congresso, o que garante tempo de TV, recursos do fundo eleitoral e capilaridade nacional.
- Herança política direta — O ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo inelegível, deve atuar fortemente como cabo eleitoral do filho.
Os desafios que ele enfrentará
Apesar dessas vantagens, a candidatura também traz barreiras significativas:
- Falta de experiência executiva — Diferente do pai, que tinha longa carreira parlamentar e comandou o país, Eduardo nunca ocupou cargos de gestão pública de grande escala.
- Rejeição elevada — Em levantamento da Quaest, Eduardo aparece com 55% de rejeição entre os eleitores, ficando entre os políticos mais rejeitados do país.
- Concorrência interna — Mesmo dentro da direita, nomes como Tarcísio de Freitas surgem como alternativas mais competitivas. Em pesquisa AtlasIntel, 46,3% dos eleitores preferem Tarcísio como substituto de Bolsonaro, contra apenas 25% que apontam Eduardo.
- Desgaste de imagem — Segundo pesquisa Genial/Quaest, 69% dos brasileiros acreditam que Eduardo Bolsonaro defende interesses próprios ou da família nos EUA, e não os do Brasil.
- Questões jurídicas — Eduardo é alvo de investigações no STF e no Conselho de Ética da Câmara, o que pode se tornar obstáculo para sua campanha.
- Residência fora do país — Desde março de 2025, Eduardo vive nos Estados Unidos alegando perseguição judicial, o que levanta dúvidas sobre sua capacidade de liderar uma campanha nacional.
O impacto na política brasileira
Caso sua candidatura se consolide, Eduardo Bolsonaro poderá reconfigurar o cenário eleitoral de 2026. A direita teria novamente um candidato fortemente identificado com a pauta conservadora, enquanto a esquerda, liderada pelo PT e aliados, precisaria ajustar sua estratégia para enfrentar uma narrativa já conhecida, mas agora sob nova roupagem.
Além disso, pesquisas indicam que Eduardo ainda não tem força suficiente para vencer com folga. Em cenários simulados de segundo turno, ele aparece tecnicamente empatado com Lula, mas com pequena desvantagem. Isso mostra que, embora seja competitivo, ele enfrentará dificuldades para ampliar seu eleitorado além da base bolsonarista.
Mais do que isso, a disputa pode definir se o bolsonarismo sobrevive sem Jair Bolsonaro como protagonista ou se será necessário renovar sua liderança para conquistar vitórias futuras.
Considerações finais
O lançamento da candidatura de Eduardo Bolsonaro mostra como a política brasileira segue marcada pela força dos sobrenomes e pelo peso da polarização. Ao mesmo tempo em que mobiliza uma base fiel, o movimento também reforça divisões e abre espaço para novos embates ideológicos.
Resta saber se Eduardo terá fôlego próprio para transformar a herança política do pai em votos suficientes para conquistar o Planalto ou se será lembrado apenas como um prolongamento de um ciclo que começa a se esgotar.