Em entrevista concedida ao radialista Mário Kertész, na Rádio Metrópole, o vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior (MDB), fez uma análise abrangente da derrota sofrida na eleição para prefeito de Salvador. Apoiado pelo governo estadual do PT, Geraldo enfrentou Bruno Reis (União Brasil), que consolidou sua reeleição com uma base sólida de apoio.
A Assunção da Responsabilidade
Geraldo foi categórico ao assumir a responsabilidade pela derrota, evitando apontar culpados dentro da aliança. Ele destacou que, embora tenha contado com o apoio do governador Jerônimo Rodrigues e do presidente Lula, parte significativa da esquerda não esteve ao seu lado como aconteceu na eleição estadual de 2022.
“Não vou ficar patrulhando quem ajudou ou não ajudou. Cada um tem sua consciência. Dei o melhor de mim e fui a todos os debates. A derrota é para aprendermos, não para lamentarmos”, afirmou.

Uma Campanha com Desafios
Kertész, conhecido por sua franqueza, criticou a condução da campanha de Geraldo, apontando a falta de autenticidade na comunicação. Para o radialista, a campanha “robotizou” o candidato, afastando-o de sua característica mais marcante: a espontaneidade.
Geraldo reconheceu os desafios, mas defendeu o conteúdo de sua proposta para Salvador, que focava em igualdade social, economia criativa e redistribuição de riqueza. “Prefiro ser o Geraldo Júnior que abraçou uma candidatura com apenas 3,7% de intenções de voto contra um adversário com quase 70%”, disse.
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A Importância da Aliança Política
O vice-governador ressaltou a necessidade de analisar a derrota como um todo, envolvendo todos os partidos da coligação. Ele comparou a situação à vitória em Juazeiro, onde o MDB conseguiu eleger um prefeito. “Se a vitória lá é da aliança, a derrota em Salvador também é da aliança”, argumentou.
Reflexões sobre Salvador
Durante a entrevista, Geraldo destacou dados preocupantes sobre Salvador:
- 32,5% do eleitorado não compareceu às urnas.
- 70% da população vive na periferia, com muitas comunidades abaixo da linha da pobreza.
- Salvador caiu da 9ª para a 14ª posição econômica no Nordeste.
Esses números reforçam, segundo ele, a urgência de políticas públicas inclusivas.
Contradições sobre 2026
Um dos momentos mais marcantes da entrevista foi quando Geraldo Júnior falou sobre as eleições de 2026. Em um primeiro momento, ele garantiu que estaria ao lado de Jerônimo Rodrigues e do presidente Lula. “É um compromisso que assumi e que reafirmo aqui. Estarei com Jerônimo e Lula em 2026, porque acredito no projeto deles para a Bahia e para o Brasil”, disse.
No entanto, em outro momento da conversa, Geraldo ponderou que o posicionamento do MDB para 2026 será decidido pelo partido. “O MDB tem autonomia e é quem vai decidir seu posicionamento. Minha relação com o governador e o presidente é excelente, mas eu sou um soldado do partido e vou respeitar as diretrizes que forem definidas”, afirmou, deixando uma margem para interpretações sobre seu futuro político.

Compromissos Futuros
Apesar do revés, Geraldo reafirmou seu compromisso com o governador Jerônimo Rodrigues e o presidente Lula para 2026. Ele destacou que a decisão sobre seu futuro político será tomada em conjunto com o MDB, mas deixou claro que continuará trabalhando por Salvador como vice-governador.
“Não vou me furtar de criticar quando necessário, mas também aplaudirei as ações positivas da prefeitura. O importante é continuar contribuindo para o desenvolvimento da cidade e do estado”, concluiu.
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