O que leva uma pessoa, que recebeu uma oportunidade de trabalho, um salário fixo e a confiança de seus superiores, a escolher o caminho da trapaça? Infelizmente, exemplos não faltam. Em Vitória da Conquista, três casos recentes mostram como funcionários usaram seus cargos para roubar e enganar as próprias empresas, desviando valores que, somados, ultrapassam R$ 1,1 milhão.
Essas histórias não são apenas sobre dinheiro perdido. São relatos de traição, de pessoas que decidiram virar as costas para aqueles que lhes deram um emprego e, muitas vezes, uma chance de crescimento. Vamos aos detalhes dos casos.
O golpe na Magazine Luiza: um esquema bem planejado
Em fevereiro de 2025, quatro funcionários de uma unidade da Magazine Luiza foram descobertos operando um esquema de desvio de mercadorias e dinheiro. O golpe não era amador: envolvia fraudes em estoque, trocas de produtos sem consentimento de clientes e até uso indevido de cartões de crédito de consumidores.
O líder do esquema era ninguém menos que o gerente da loja, de 34 anos, que facilitava as fraudes ao ignorar o controle de estoque e validar operações ilegais. Ao seu lado, uma funcionária da mesma idade liberava produtos sem nota fiscal e usava os dados do cartão de um cliente para comprar móveis sem autorização.
Outros dois funcionários, de 30 e 22 anos, também estavam envolvidos. Eles compartilhavam senhas, manipulavam trocas e facilitavam a retirada de produtos de forma fraudulenta. No final, o prejuízo para a empresa ultrapassou R$ 700 mil. Quando a fraude veio à tona, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão, recolhendo celulares e notebooks que podem revelar ainda mais irregularidades.
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Loja de móveis: desvio direto para a conta do gerente
Poucos meses antes, em novembro de 2024, outro golpe foi descoberto. Dessa vez, o crime ocorreu em uma loja de móveis planejados, também em Vitória da Conquista. O gerente da empresa, de 32 anos, encontrou uma maneira de embolsar dinheiro sem que ninguém percebesse de imediato.
O esquema envolvia manipulação de contratos. Um cliente fechou um acordo de R$ 110 mil para a compra de móveis, mas nos registros da empresa, o contrato aparecia como R$ 100 mil. A diferença de R$ 10 mil foi transferida diretamente para a conta pessoal do gerente.
E isso foi só a ponta do iceberg. Após uma auditoria interna, descobriu-se que pelo menos R$ 150 mil haviam sido desviados da empresa. O golpe era feito de várias formas: transferências via Pix, boletos bancários e maquinetas de cartão. Além disso, parte do dinheiro foi enviado a um parente do gerente, o que indica que ele já planejava se esquivar caso fosse descoberto.
Quando a Polícia Civil cumpriu mandados de busca na casa do suspeito, encontrou iPhones, máquinas de cartão, cheques e documentos que agora fazem parte da investigação.
A funcionária que cobrava clientes e embolsava os pagamentos
O caso mais recente veio à tona em fevereiro de 2025, quando uma grande construtora identificou um desvio de R$ 63 mil em um dos seus empreendimentos. A responsável? Uma mulher de 43 anos, que trabalhava no setor financeiro da empresa e tinha acesso direto a pagamentos e baixas de pendências dos clientes.
A funcionária usava sua posição para entrar em contato com os clientes e solicitar pagamentos diretamente para sua conta pessoal, alegando que eram cobranças da empresa. As transferências eram feitas via Pix, sempre para contas sob seu controle.
Quando a fraude foi descoberta, investigadores fizeram buscas em sua casa e encontraram um computador, dois notebooks e cinco celulares, que agora passarão por perícia. O mais assustador desse caso é que a funcionária não usava técnicas sofisticadas de fraude – apenas aproveitou a confiança que lhe foi depositada para enganar tanto clientes quanto a empresa.
A traição que custa caro
Esses casos são um lembrete brutal de que nem sempre a ameaça vem de fora. Empresas investem em segurança, controle de estoque e auditorias externas, mas muitas vezes não percebem que o perigo pode estar dentro de casa. O golpe mais doloroso não é apenas o financeiro, mas o moral: ver um funcionário, que deveria ajudar a empresa a crescer, usar seu conhecimento e acesso para roubar.
E o pior de tudo? Essas pessoas não se importam. Elas não pensam nas consequências para os colegas que ficam sobrecarregados, para os clientes que são lesados ou para os patrões que confiaram nelas. Para esses funcionários, a única coisa que importa é o quanto podem roubar antes de serem descobertos.