Nos últimos meses, vídeos de empresários e trabalhadores circularam nas redes sociais. Em um deles, um padeiro desabafa: “O culpado é o governo, que está dando dinheiro para o pessoal não trabalhar.” A fala ganhou força porque muita gente sente o mesmo. Mas será exagero ou o Estado realmente criou um sistema que desestimula o trabalho?
Benefícios que crescem mais rápido que o emprego
Nos últimos anos, o governo ampliou uma série de programas sociais. O Bolsa Família passou por reajustes, e novos auxílios estaduais e municipais foram criados.
Na teoria, o objetivo é reduzir a pobreza. Na prática, parte desses incentivos pode gerar dependência e afastar as pessoas do mercado de trabalho.
Enquanto isso, muitos setores reclamam da falta de mão de obra. Padarias, pequenos comércios e lavouras têm dificuldade para contratar. Não é por falta de vagas, mas pela falta de interesse.
Quem recebe auxílio, mesmo que pequeno, pesa o custo de trabalhar — transporte, alimentação, horas fora de casa — e muitas vezes conclui que “não vale a pena”.
A distorção do incentivo: quando o Estado paga para não produzir
O problema não é ajudar os mais pobres. É criar uma lógica em que trabalhar se torna menos vantajoso do que receber benefício.
Isso ocorre quando o governo oferece programas sem exigir contrapartida ou sem prazo de saída.
Em vez de incentivar o emprego, o Estado passa a sustentar uma parcela da população na ociosidade.
E quem paga essa conta? O contribuinte, que trabalha, paga impostos altíssimos e ainda vê o dinheiro ser mal distribuído.
Essa distorção cria um ciclo perigoso: menos pessoas produzindo, mais dependência e mais gasto público. No fim, o sistema todo se enfraquece.
O discurso fácil: “é culpa do empresário”
Quando o tema vem à tona, o governo costuma jogar a responsabilidade no setor privado.
Alega que os salários são baixos e que as empresas precisam “valorizar o trabalhador”.
Mas o que o Estado faz para facilitar a contratação? Nada.
O empresário enfrenta carga tributária sufocante, burocracia absurda e leis trabalhistas complexas.
É natural que, nesse ambiente hostil, muitos pequenos negócios desistam de contratar formalmente.
O governo cria o problema e depois posa de salvador — distribuindo auxílios que ele mesmo tornou necessários.
Os dados não contam tudo
É verdade que o desemprego caiu nos últimos meses. Mas a maior parte das novas vagas está na informalidade.
Isso mostra que as pessoas estão trabalhando por conta própria, sem segurança, sem direitos e sem contribuição previdenciária.
A política de “dar dinheiro” pode até melhorar números a curto prazo, mas não gera produtividade nem desenvolvimento.
O Brasil continua preso a uma economia de baixo desempenho, sustentada por impostos e transferências.
A longo prazo, quem perde é o país
Quando o Estado se torna o principal provedor, a sociedade enfraquece.
A cultura do esforço e da responsabilidade pessoal se perde.
A nova geração cresce ouvindo que o governo resolverá tudo — enquanto quem trabalha de verdade vê pouco retorno.
Se o objetivo era combater a pobreza, o resultado pode ser o contrário: criar uma população dependente e desmotivada, sem incentivo para crescer.
E isso é o que realmente destrói uma economia.
Conclusão: o governo precisa parar de premiar a inércia
Ajudar quem precisa é necessário. Mas o governo ultrapassou esse limite.
Hoje, os incentivos estão tortos: quem trabalha paga caro, e quem não trabalha recebe apoio sem cobrança.
Enquanto essa lógica não mudar, o país continuará patinando.
O Estado deveria estimular o trabalho, a qualificação e o mérito — não transformar o assistencialismo em modo de vida.
Sem correção de rumo, o Brasil corre o risco de se tornar um país de dependentes, e não de produtores.


