O Senado Federal viveu um episódio incomum nesta semana. O atraso do senador Rogério Carvalho (PT-SE) abriu espaço para a oposição aprovar um requerimento que cria a chamada “mini-CPI dos Correios”. A ausência, mesmo que breve, foi suficiente para desequilibrar a votação e gerar desconforto na base governista.
Como ocorreu a aprovação
A iniciativa partiu da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e contou com a relatoria do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Como Carvalho chegou após o início da sessão, a oposição aproveitou o momento e colocou a proposta em votação sem resistência. Assim, conseguiu aprovar o pedido de forma rápida.
O governista reagiu com críticas. Para ele, tratou-se de uma manobra que atropelou o debate. Carvalho afirmou que recorrerá à Mesa Diretora do Senado para questionar a legalidade da decisão.
O que está em jogo
A proposta recebeu o nome de Proposta de Fiscalização e Controle. Ela prevê convocação de ministros, requisição de documentos e acesso a inquéritos policiais, sempre em cooperação com o Tribunal de Contas da União (TCU). Portanto, mesmo sem o peso de uma CPI tradicional, a medida cria um instrumento de pressão sobre o governo.
Além disso, o contexto reforça a preocupação. Os Correios anunciaram um prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro trimestre de 2025. Esse resultado é mais de três vezes superior ao registrado no mesmo período de 2024, quando a estatal já havia fechado no vermelho.
Impactos políticos
A oposição comemorou a vitória inesperada. Segundo seus líderes, o colegiado servirá como palco para questionar a gestão da estatal e cobrar explicações de ministros. Por outro lado, governistas afirmam que a proposta tem alcance restrito e não deve gerar grandes efeitos práticos.
Ainda assim, o episódio expôs a fragilidade da base aliada no Senado. Quando um único atraso é suficiente para mudar o rumo de uma votação, a articulação política do governo passa a ser colocada em dúvida.
Enquanto a oposição se prepara para explorar ao máximo a nova “mini-CPI”, a base tenta reduzir seus impactos. Dessa forma, o episódio evidencia como cada movimento — ou atraso — pode alterar o equilíbrio de forças no Congresso.