Por todo o país, motoristas questionam um paradoxo que desafia a lógica. O preço do barril de petróleo caiu quase pela metade desde 2022, mas a gasolina continua subindo nos postos. Por que o petróleo está mais barato, e mesmo assim o consumidor paga mais caro na bomba?
Defasagem entre mercado e bomba
A principal crítica é simples: quando o petróleo sobe, o aumento chega rápido ao consumidor. Mas quando o preço internacional cai, a redução demora — ou nem acontece. Essa diferença é chamada de defasagem de preços.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o litro da gasolina no Brasil está, em média, 4% mais caro do que no mercado internacional. Ou seja, estamos pagando mais do que deveríamos. Isso mostra que o repasse das quedas do barril é lento e desigual.
Impostos que não diminuem
Outro fator que pesa é a tributação. Mesmo com o petróleo mais barato, os impostos não caem automaticamente. O ICMS, por exemplo, tem subido em vários estados. Em 2025, muitos brasileiros passaram a pagar R$ 1,57 de ICMS por litro, o que encarece o preço final.
Além disso, tributos federais como PIS, Cofins e Cide continuam impactando o bolso do motorista. Assim, a queda no valor do petróleo acaba sendo anulada por aumentos tributários internos.
Custos internos e margens elevadas
Outro ponto importante é que a cadeia de combustíveis envolve custos fixos altos. Frete, armazenamento, distribuição e margem dos postos pouco variam com o preço do barril. Portanto, mesmo que o petróleo baixe, esses custos mantêm o preço elevado.
Em muitos casos, postos e distribuidoras também demoram a repassar reduções. Assim, preservam margens de lucro enquanto o consumidor espera por um alívio que quase nunca chega.
A política de preços da Petrobras
A paridade de importação (PPI) é outro elemento que prejudica o consumidor. Essa política faz com que o preço interno siga o valor internacional, somando câmbio e custos de importação. Com o dólar alto, o preço em reais continua elevado, mesmo com o barril em queda.
Portanto, o Brasil paga caro não apenas pelo petróleo, mas também pela forma como calcula esse valor. Essa política, pensada para atrair investidores, pesa cada vez mais no bolso da população.
Conclusão: um cenário que não convence
No fim das contas, o motorista tem razão em reclamar. O petróleo está mais barato, mas a gasolina segue cara — e não há justificativa convincente para isso. O problema está em uma combinação de tributos altos, política de preços injusta e falta de repasse real das reduções.
Enquanto isso, o brasileiro segue pagando caro por um combustível que deveria estar mais acessível. O barril caiu, mas o alívio no bolso ainda não chegou.