Em 21 de agosto de 2025, Lula participou de uma cerimônia em Sorocaba (SP) para entrega de unidades odontológicas móveis. Durante o evento, ele relatou um episódio que o deixou desconfortável.
Segundo o presidente, uma revista institucional do governo exibia a foto de uma mulher branca, loira e sorridente ao lado de um homem negro sem dentes. Ele então perguntou a um assessor: “Você acha isso bonito? Isso é fotografia para representar o Brasil no exterior?”. Lula concluiu que a imagem reforçava um estigma e mandou refazer a página com outra foto.
Reações: acusações e defesas
A fala provocou reações imediatas. Senadora Damares Alves e parlamentares como Flávio Bolsonaro e Deltan Dallagnol chamaram o comentário de racista. Para eles, Lula reforçou estereótipos ao associar a cor da pele à falta de dentes.
Por outro lado, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, defendeu o presidente. Segundo ela, Lula apenas criticou o preconceito presente na representação. Além disso, Anielle alertou para os riscos de manipulação política quando se retira a fala do contexto.
O passado que ecoa: o depoimento de 1989
Enquanto o episódio repercutia, voltou a circular nas redes sociais um vídeo de 1989. Nele, Miriam Cordeiro, mãe da filha mais velha de Lula, afirmava que o ex-sindicalista dizia detestar negros durante o namoro. A declaração, antiga, reacendeu questionamentos sobre o histórico do presidente em relação à pauta racial.
Representação e memória
Esse caso mostra como imagens carregam força simbólica. Uma foto não apenas registra um momento: ela transmite mensagens, reforça ideias e pode até consolidar estereótipos. No caso citado por Lula, a oposição viu racismo explícito, enquanto apoiadores enxergaram uma crítica contra o preconceito.
Além disso, o resgate do vídeo de 1989 amplia a polêmica. O passado se mistura ao presente e intensifica o debate. O eleitor se pergunta: trata-se de um erro de comunicação ou de um padrão que atravessa décadas?
O episódio da foto e a lembrança do depoimento de 1989 colocam em pauta um tema sensível: o racismo simbólico. A discussão vai além de partidos políticos. Ela mostra que palavras e imagens importam — ainda mais quando vêm de líderes nacionais.
Em resumo, a polêmica ensina duas lições: primeiro, é preciso cuidado ao representar a diversidade brasileira; segundo, a memória política sempre volta quando o presente dá motivo.