O julgamento do chamado “núcleo 1” da tentativa de golpe de Estado chegou ao segundo dia no Supremo Tribunal Federal (STF) em 3 de setembro de 2025. Nesse momento, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou uma postura firme e tentou desacreditar tanto as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto a delação de seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid.
“Não há provas contra Bolsonaro”, afirma defesa
O advogado Celso Vilardi sustentou que nenhum elemento concreto liga Bolsonaro a atos golpistas. Além disso, reforçou que não existe prova da participação do ex-presidente em manifestações violentas, na insurreição de 8 de janeiro ou no documento conhecido como “minuta do golpe”.
Questionamentos sobre a delação de Mauro Cid
A defesa concentrou as críticas na delação de Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens mudou versões em 16 depoimentos diferentes e, em vários momentos, acabou desmentido. Dessa forma, Vilardi afirmou que essas contradições tornam a delação inválida.
Além disso, o advogado levantou dúvidas sobre a voluntariedade de Cid. Segundo ele, o ex-auxiliar pode ter sido pressionado e, por isso, sua credibilidade estaria comprometida.
Cerceamento de defesa e excesso de documentos
Outro ponto de ataque foi o acesso às provas. Vilardi acusou a PGR de praticar “document dumping”: milhares de arquivos de celulares, computadores e conversas chegaram de uma só vez, sem tempo adequado para análise.
Com isso, a defesa alegou que o processo ficou desequilibrado e que Bolsonaro não teve condições de responder de forma justa.
Transição de governo dentro da legalidade
A defesa também destacou a postura de Bolsonaro após a eleição de 2022. Ele orientou sua equipe a manter contato com os representantes de Luiz Inácio Lula da Silva. Assim, segundo Vilardi, a transição ocorreu de forma pacífica e dentro da Constituição.
Portanto, esse argumento tenta afastar a acusação de tentativa de golpe e reforça a imagem de Bolsonaro como alguém que respeitou o processo democrático.
Logo, a decisão do STF terá peso político e histórico. Se aceitar os argumentos da defesa, Bolsonaro pode ser absolvido. No entanto, se rejeitar, a delação de Mauro Cid continuará como peça central da acusação.
O julgamento de Bolsonaro representa um divisor de águas na política nacional. A defesa aposta na ausência de provas e na desqualificação de Mauro Cid. Em resumo, caberá ao STF decidir se esses pontos bastam ou se a versão da PGR prevalecerá.