Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fez acusações que estremeceram o cenário político e jurídico do país.
Ele afirma que Moraes apresentou relatórios adulterados com datas retroativas para justificar uma operação da Polícia Federal contra empresários bolsonaristas em 2022. Segundo Tagliaferro, ele mesmo produziu os documentos após a operação, mas registrou como se tivessem sido elaborados antes, criando a aparência de legalidade.
Além disso, o ex-assessor garante que enviou esse material aos Estados Unidos e ao Parlamento Europeu. De acordo com ele, existe a chance de novas sanções internacionais contra autoridades brasileiras ligadas ao caso. Durante audiência no Senado, Tagliaferro ainda apontou o juiz auxiliar Airton Vieira como responsável por instruí-lo a manipular as datas dos relatórios.
“Eu estaria morto”
Na netrevista ao Metrópoles, Tagliaferro reforçou o clima de medo que, segundo ele, marcou sua atuação no TSE. Ao ser questionado sobre o motivo de não ter denunciado as irregularidades antes, ele respondeu sem rodeios:
“Pra quem que eu vou denunciar? Pra Alexandre de Moraes? Pra algum órgão abaixo? (…) Se eu fizesse algo desse tipo hoje, eu não estaria aqui denunciando. Eu estaria morto.”
Com essa declaração, ele deixou claro que não confiava em corregedorias internas, tampouco em levar o caso ao Congresso ou à imprensa. Por isso, preferiu silenciar até deixar o país.
Do gabinete ao exílio
Atualmente, Tagliaferro vive na Itália e se apresenta como denunciante. Segundo ele, qualquer tentativa de contestar irregularidades dentro do TSE ou do Supremo não teria efeito prático.
Ele resume sua percepção da época de forma dura: “Mesmo denunciando, jogando na imprensa, falando de Senado, falando em Câmara, nada tá mudando. Se fosse efetivo, eu estaria no Brasil, não estaria na Itália.”
Dessa forma, o ex-assessor mostra como passou de colaborador próximo a Moraes para uma figura que agora ataca o sistema de fora do país.
A resposta de Moraes e os desdobramentos
Moraes rebateu as acusações e declarou que todos os procedimentos seguiram a lei, com ciência da Procuradoria-Geral da República.
Enquanto isso, Tagliaferro enfrenta processos no Brasil. A Polícia Federal já o indiciou por violação de sigilo funcional, e a Procuradoria-Geral da República o denunciou por crimes como coação e obstrução.
Paralelamente, no Senado, aliados de Jair Bolsonaro exploram as denúncias para pressionar o Supremo. Eles defendem pedidos de impeachment contra Moraes e questionam a imparcialidade do julgamento do ex-presidente.
Conclusão
Se confirmadas, as acusações de Tagliaferro podem marcar um dos maiores abalos institucionais da história recente.
Mesmo envolto em controvérsias, o ex-assessor conseguiu recolocar Moraes e o TSE no centro da crise política. A cada nova revelação, cresce a pressão por respostas oficiais, tanto no Brasil quanto no exterior.
O caso segue aberto — e promete novos capítulos.