A memória de uma cidade se reflete em seus prédios, praças e monumentos. São essas construções que contam histórias e ajudam a moldar a identidade de uma comunidade. Em Vitória da Conquista, o prédio antigo da Câmara Municipal representa muito mais do que tijolos e argamassa: ele simboliza a trajetória de um povo e suas lutas políticas, sociais e culturais.
Diante disso, o presidente da Câmara, Ivan Cordeiro, anunciou recentemente, por meio de suas redes sociais, o início do processo de tombamento cultural do imóvel que abriga o Legislativo. “Para preservar a importância histórica do prédio antigo da nossa Câmara Municipal, iniciaremos o processo de tombamento cultural com o objetivo de impedir que o imóvel seja destruído ou descaracterizado, garantindo, desse modo, o respeito à memória deste lugar”, afirmou o parlamentar.

O Prédio Antigo e Sua Relevância Histórica
O prédio histórico da Câmara Municipal, localizado no coração da cidade, é muito mais do que um local de trabalho para os vereadores. Ele abriga o Memorial Câmara, espaço interativo e gratuito que reúne fotografias, vídeos e documentos que narram a história de Vitória da Conquista. Inaugurado em 2016, o Memorial é um verdadeiro guardião da memória coletiva local, oferecendo aos visitantes uma imersão no passado e na evolução política do município.
A história da Câmara se confunde com a própria trajetória da cidade, fundada em 1840, quando o arraial da Conquista foi elevado à condição de vila imperial. Naquela época, a Câmara Municipal também desempenhava funções executivas, uma realidade que mudou ao longo dos anos, especialmente após a Revolução de 1930.
O prédio, que já serviu como sede do Executivo, Legislativo e Judiciário, testemunhou transformações marcantes, desde o fim do Império até a redemocratização. Sua preservação é essencial para manter viva a conexão entre as gerações presentes e passadas.
Leia também Da Picanha às Frutas: O Governo Lula e a Mesa Vazia do Brasileiro
A Importância do Tombamento Cultural
Tombar um imóvel é um ato de resistência contra o apagamento histórico. De acordo com estudiosos como Jacques Le Goff, a preservação do patrimônio histórico está diretamente ligada à formação da identidade coletiva e individual. No caso de Vitória da Conquista, proteger o prédio da Câmara significa assegurar que futuras gerações possam compreender e valorizar o legado político e cultural que moldou a cidade.
Embora o tombamento de edifícios históricos tenha se intensificado no Brasil desde a criação do SPHAN (atual IPHAN) na década de 1930, muitos patrimônios têm sido perdidos em nome do progresso. Em cidades como São Paulo, por exemplo, o crescimento urbano descaracterizou importantes áreas históricas, como a Rua Barão de Itapetininga. Evitar que o mesmo ocorra em Vitória da Conquista é um compromisso que requer esforço coletivo e vontade política.

Memória e Identidade em Defesa do Futuro
Preservar a memória é investir no futuro. Ao tombar o prédio da Câmara Municipal, Vitória da Conquista não apenas resguarda sua história, mas também fortalece seu senso de pertencimento. O Memorial Câmara, instalado no prédio, já cumpre um papel fundamental ao contar histórias que vão além das paredes do edifício.
Como destaca o historiador Ruy Medeiros, a preservação de um espaço como esse é crucial para que a sociedade compreenda suas raízes e enfrente os desafios do presente com base nas lições do passado. Ao tomar essa iniciativa, o presidente da Câmara, Ivan Cordeiro, reafirma o compromisso do Legislativo com a preservação do patrimônio cultural e a valorização da história local.
Que este exemplo inspire outras cidades e instituições a também protegerem suas riquezas históricas. Afinal, a memória de uma sociedade não pode ser apagada, pois é dela que brota a força para construir um futuro mais consciente e conectado com as próprias origens.