O Brasil vive em 2025 um dos momentos mais delicados de sua história fiscal. Entre janeiro e julho, as estatais federais registraram um déficit de R$ 5,52 bilhões. Esse é o maior valor já anotado para o período desde 2002, de acordo com o Banco Central. O rombo cresceu 61,1% em relação a 2024, quando havia sido de R$ 3,42 bilhões.
Esse resultado acende um alerta sobre a gestão das empresas públicas e mostra o peso delas nas contas do país.
Como o Banco Central calcula o déficit das estatais
O Banco Central usa a metodologia chamada “abaixo da linha”. Ela mede o desempenho pela necessidade de financiamento, ou seja, pelo aumento do endividamento. No entanto, esse cálculo ignora dados importantes, como receitas, despesas e lucros.
O Ministério da Gestão e Inovação critica esse método. Segundo a pasta, ele não mostra o quadro real das empresas. Assim, os números apresentados pelo BC nem sempre coincidem com os divulgados pelo governo.
Déficits sucessivos e recordes históricos
O déficit atual não surgiu do nada. Em abril de 2025, o BC já havia apontado resultado negativo de R$ 2,73 bilhões no quadrimestre, o maior da série histórica.
Além disso, até agosto de 2024, as estatais já acumulavam quase R$ 9,7 bilhões de prejuízo. Esse foi o maior rombo do século 21. Em 2025, a trajetória não mudou e continua a piorar.
O impacto direto nas contas públicas
Quando uma estatal opera no vermelho, o Tesouro Nacional precisa cobrir o buraco. Isso significa que dinheiro público deixa de financiar saúde, educação ou segurança.
O quadro fiscal do Brasil reforça a gravidade do problema:
- Em junho de 2025, o déficit primário do governo central chegou a R$ 44,3 bilhões, contra R$ 38,7 bilhões em 2024.
- A dívida bruta do governo deve subir de 76,5% do PIB em 2024 para 79% em 2025. A projeção para 2028 é ainda mais pesada: 84,3%.
Portanto, o rombo das estatais não é um caso isolado. Ele faz parte de um quadro fiscal cada vez mais preocupante.
Reflexões finais
O déficit recorde das estatais federais em 2025 levanta duas questões centrais: falta de transparência e baixa eficiência. Parte dos recursos pode estar indo para investimentos estratégicos, mas a ausência de dados claros aumenta a desconfiança.
O desafio do governo é equilibrar investimentos com uma gestão responsável. Caso contrário, as contas públicas seguirão pressionadas, e a sociedade pagará a conta.