Nos últimos dias, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu a criação de uma lei que garanta imunidade a autoridades brasileiras diante de sanções internacionais. A proposta, chamada de lei anti-embargos, surgiu após os Estados Unidos aplicarem restrições contra políticos e magistrados brasileiros, como a revogação de vistos e sanções baseadas na Lei Magnitsky.
O argumento de Gilmar Mendes
Gilmar Mendes afirmou que o país precisa resguardar autoridades, instituições e até mesmo bancos e prestadores de serviços que sofrem com medidas externas. Além disso, destacou que o Congresso Nacional deve conduzir esse debate, garantindo que o Brasil não fique vulnerável a decisões unilaterais de governos estrangeiros.
Onde mora a preocupação
Defender a soberania é legítimo e importante. No entanto, a proposta levanta algumas questões delicadas que não podem ser ignoradas:
- Risco de impunidade: uma lei ampla de imunidade pode abrir brechas para proteger autoridades envolvidas em escândalos ou abusos de poder.
- Imagem internacional: o Brasil pode transmitir a impressão de que resiste à responsabilização e prefere blindar seus líderes a enfrentar críticas externas.
- Limites práticos: ainda que uma lei seja aprovada, sanções externas, como cancelamento de vistos ou bloqueio de ativos, continuarão em vigor fora do território nacional.
- Possível uso político: medidas de proteção podem servir mais como escudo em disputas internas do que como instrumento de justiça.
Soberania não é sinônimo de imunidade
O grande desafio está em equilibrar a defesa da autonomia nacional com a responsabilidade das autoridades. Por outro lado, não se pode esquecer que o Brasil é signatário de tratados internacionais e tem compromissos em áreas como direitos humanos e cooperação global. Dessa forma, uma lei que pareça voltada apenas para a autoproteção pode gerar desconfiança, tanto no campo diplomático quanto na opinião pública.
Conclusão
A iniciativa de Gilmar Mendes abre um debate necessário: até que ponto sanções externas devem influenciar a política interna? Entretanto, para que a proposta não se transforme em um manto de proteção seletiva para quem ocupa o poder, é fundamental que haja limites claros.
Portanto, em vez de blindar autoridades de forma genérica, o país deveria adotar mecanismos transparentes, equilibrados e proporcionais, capazes de preservar a soberania sem sacrificar princípios de responsabilidade e integridade institucional.
 
									 
					

