Um vídeo publicado por Sávio de Maio – cientista político, doutorando na USP, cantor e compositor – viralizou nas redes sociais nos últimos dias. Na gravação, ele aborda um tema polêmico e pouco discutido de forma aberta dentro das universidades: a hostilidade em relação à fé cristã no ambiente acadêmico.
O que disse no vídeo
Logo no início, Sávio relata que muitos estudantes, ao ingressarem na universidade, aprendem rapidamente que o cristianismo é tratado como vilão da história. Ele cita críticas recorrentes, como a colonização, a perseguição a povos indígenas, a intolerância às religiões de matriz africana e a repressão à sexualidade.
Além disso, o cientista político ressalta que a experiência de fé pessoal e íntima acaba se transformando em motivo de constrangimento. Dessa forma, estudantes identificados como cristãos podem ser deixados de lado em monitorias, ignorados em grupos de pesquisa e até mesmo alvo de piadas em rodas de conversa.
No entanto, segundo Sávio, esse comportamento revela um paradoxo: o discurso de respeito, defendido no espaço acadêmico para diversas identidades, não parece valer para os cristãos. Ele destaca ainda que o preconceito se agrava quando a pessoa é negra e cristã, já que nesse caso costuma ser taxada como “alienada” ou “colonizada”.
Portanto, para ele, o ambiente acadêmico se tornou hostil à fé cristã. Essa hostilidade, contudo, não se deve a um decreto oficial, mas sim a um desprezo velado. Ainda de acordo com Sávio, até mesmo as pesquisas sobre cristianismo são conduzidas com viés negativo: quando se fala de católicos, o foco é na colonização e destruição de povos originários; quando se fala de evangélicos, a narrativa gira em torno de uma ameaça à democracia. Assim, “é sempre falando mal”.
Repercussão e contexto
Por causa dessa fala, a repercussão do vídeo foi imediata. O tom sincero e direto com que Sávio expôs a questão reacendeu um debate delicado: o espaço da fé cristã dentro das universidades brasileiras. Muitos internautas se identificaram com sua fala; outros, por outro lado, contestaram sua visão, o que reforça a polarização em torno do tema.
Além do debate em si, a viralização também deu mais visibilidade ao projeto Despolarize-se, criado por Sávio. Esse projeto busca aproximar visões divergentes e combater o extremismo no diálogo público.
Quem é Sávio de Maio
Entretanto, Sávio não atua apenas como pesquisador. Ele também desenvolve sua carreira musical sob o nome artístico Savio di Maio. Nesse trabalho, mistura pop, rock e MPB, sempre com letras marcadas por intensidade emocional e reflexão.
Em 2024, por exemplo, lançou o álbum Quando Não Tinha Chão Para Cair. Nele, narra sua trajetória desde o interior do Espírito Santo até a mudança para Belo Horizonte. Além disso, a canção Itá resgata suas raízes, reforçando sua identidade artística.
Por que o vídeo importa
Desse modo, o sucesso do conteúdo mostra que ainda há muito espaço para discutir a relação entre fé, ciência e cultura no Brasil. A fala de Sávio revela um sentimento compartilhado por muitos estudantes cristãos e, ao mesmo tempo, abre caminho para uma reflexão mais ampla: é possível construir um ambiente acadêmico que valorize a crítica sem desrespeitar a vivência de fé?