A política brasileira parece cada vez mais um grande espetáculo. Só que, em vez de fortalecer a democracia, alguns atos acabam transformando instituições sérias em palco de disputas narrativas. O resultado? Um cenário que beira o absurdo.
Quando ministros viram porta-vozes de bastidores
O simples rumor de que ministros estariam vazando informações internas já seria suficiente para causar estranheza. Afinal, o segredo de Justiça existe por um motivo: preservar a imparcialidade. Mas quando a palavra de dentro do tribunal se espalha como fofoca de bastidor, quem perde é a confiança da sociedade.
O voto que chega antes do processo
Outro fenômeno curioso é ver ministro adiantando voto em processos que talvez nem existam. É como assistir ao final de um filme antes mesmo da estreia. A antecipação de posição fragiliza o próprio rito processual, desrespeita o contraditório e gera desconfiança sobre a seriedade das decisões.
O indulto e a confusão institucional
Nos últimos dias, declarações sobre um possível indulto a Bolsonaro trouxeram ainda mais barulho. Tarcísio de Freitas chegou a dizer que seria seu “primeiro ato” como presidente. Mas, como destacou a jornalista Mônica Bergamo na BandNews FM, isso não passa de “mera ilusão vendida ao eleitor”.
O indulto é prerrogativa exclusiva do presidente da República, garantida pelo artigo 84 da Constituição. O STF pode analisar a constitucionalidade do ato, mas não tem poder para negar sua existência. Misturar essa competência com disputas políticas é confundir — ou pior, manipular — a opinião pública.
O que está em jogo?
Quando ministros se comportam como comentaristas, quando promessas políticas ignoram a Constituição e quando o próprio debate institucional é transformado em marketing eleitoral, quem perde é a democracia.
Esses episódios não são apenas polêmicas pontuais. Eles revelam um padrão perigoso: o enfraquecimento das instituições pelo uso irresponsável da palavra.