No 7 de setembro de 2025, a Avenida Paulista foi palco de um dos protestos mais marcantes dos últimos anos. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro discursou emocionada e denunciou o que chamou de perseguição implacável contra sua família, sua fé e sua liberdade.
Durante o ato, Michelle afirmou que nem dentro de sua própria casa consegue mais orar. Em lágrimas, declarou: “Tenho que sair da minha casa para orar”. Essa fala, carregada de emoção, comoveu apoiadores e deu o tom de resistência ao evento.
Restrição da liberdade religiosa
Segundo Michelle, sua residência está sob vigilância constante, com policiais na porta 24 horas por dia. Além disso, sua filha de 14 anos estaria sendo revistada diariamente ao sair para a escola. O carro da família também seria inspecionado sempre que entra ou sai da garagem.
Para a ex-primeira-dama, essa rotina representa humilhação. Ela contou ainda que pediu autorização para realizar cultos em casa, mas a solicitação foi negada. Assim, afirmou sentir-se privada de exercer sua fé livremente.
Contexto jurídico e político
O discurso acontece em meio às medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar desde 4 de agosto de 2025 por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Michelle questionou a dureza das restrições. Segundo ela, Bolsonaro, com 70 anos e debilitado por sequelas do atentado de 2018, não oferece risco. “Como um homem desse vai pular um muro?”, indagou.
Mobilização popular e futuro eleitoral
O ato reuniu cerca de 42 mil pessoas, conforme cálculo do Monitor do Debate Político da USP. Além da denúncia de perseguição, os organizadores defenderam anistia ampla e irrestrita. Essa pauta inclui a reversão da inelegibilidade de Bolsonaro e a possibilidade de disputar as eleições de 2026.
Nos bastidores, Michelle também foi vista ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o que alimenta especulações sobre uma futura chapa presidencial. Muitos analistas acreditam que sua popularidade entre evangélicos a credencia a ocupar a vaga de vice.
Fé, política e esperança
Em seu discurso, Michelle lembrou que o artigo 5º da Constituição garante a inviolabilidade do lar. Entretanto, reforçou que sua casa “está sendo violada todos os dias”. Ela ainda criticou a falta de respostas sobre o atentado de 2018, dizendo que o esforço para incriminar Bolsonaro é maior que a busca pelos culpados.
O ato terminou com uma oração coletiva. Michelle transmitiu um áudio de Jair Bolsonaro repetindo a frase “Deus, pátria, família e liberdade”. Em seguida, pediu perdão até mesmo pelas autoridades que considera responsáveis pelas perseguições. Por fim, encerrou com um recado político: “2026 é logo ali”.