Um vídeo simples, feito com celular em mãos, viralizou nas redes: um homem anda pelos corredores de um shopping em São Paulo, à noite, e repete frases como “o Brasil quebrou” e “lojas vazias”. O contraste entre a imagem de praças de alimentação sem fila e a indignação espontânea do narrador transformou o conteúdo em símbolo de um sentimento mais amplo: a percepção de que a economia não vai bem.
O choque das imagens e a realidade no bolso
A cena chama atenção porque bate de frente com a memória coletiva dos shoppings lotados, ainda mais em São Paulo, capital do consumo. Mas, mais do que um retrato isolado, o vídeo viralizou porque dialoga com a experiência de milhões de brasileiros que, hoje, têm dificuldade até para fechar o orçamento do mês.
Dados recentes mostram que o endividamento das famílias segue em patamares elevados e a inadimplência — especialmente no cartão de crédito — cresceu nos últimos meses. Ou seja: mesmo que o shopping esteja aberto, muita gente não tem como consumir no mesmo ritmo de antes.
A economia em compasso de espera
O governo comemora indicadores positivos, como inflação mais controlada e algum crescimento do PIB. No entanto, na vida real, o que prevalece é a sensação de aperto. A taxa de juros ainda encarece o crédito, o desemprego caiu mas a renda não acompanha, e boa parte das famílias vive com dívidas acumuladas.
É aí que entra a crítica: a condução da política econômica parece preocupada em mostrar números macroeconômicos “arrumados”, mas ainda distante do dia a dia de quem precisa escolher entre pagar o aluguel, a conta de luz ou o mercado. Enquanto isso, a população sente que a promessa de melhora não chega ao carrinho de compras.
Shoppings como termômetro social
Um shopping vazio numa terça à noite pode ter explicações simples — horário, localização, sazonalidade. Mas quando esse vídeo viraliza com milhões de visualizações, ele vira símbolo de algo maior: a insatisfação coletiva com a economia real.
O contraste entre o discurso oficial e a vida cotidiana se expõe em imagens como essa. E, no fim, o recado é claro: enquanto a política econômica não colocar o consumidor de volta em condição de consumir com dignidade, shoppings vazios e frases como “o Brasil quebrou” continuarão a ecoar pelas redes.
 
									 
					

