Na manhã de 20 de agosto de 2025, a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão contra o pastor Silas Malafaia, no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. A ação fez parte do inquérito que investiga uma suposta organização criminosa responsável por ataques às instituições democráticas. O mandado foi expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre as medidas cautelares estavam a retenção do passaporte, a proibição de deixar o país e a restrição de contatos com outros investigados.
Poucas horas depois da operação, Malafaia concedeu uma entrevista. O tom foi de indignação e de fortes críticas ao STF, sobretudo a Alexandre de Moraes, a quem chamou de “criminoso”. Para o pastor, as decisões do ministro rasgam a Constituição e representam um ataque à liberdade de expressão.
Críticas diretas ao Supremo e a Moraes
Na entrevista, Malafaia afirmou que a operação representa censura e perseguição política. Para embasar suas críticas, ele citou artigos da Constituição, como o artigo 5º, inciso IV (liberdade de manifestação do pensamento), o artigo 220 (vedação à censura) e o artigo 129 (competências do Ministério Público).
Segundo o pastor, o inquérito das fake news conduzido pelo STF seria “imoral e ilegal”, já que não conta com a participação do Ministério Público. Além disso, ele defendeu que nenhum ministro pode se colocar acima da Constituição. Dessa forma, concluiu que Alexandre de Moraes deveria sofrer impeachment, ser julgado e até preso.
Defesa pessoal e contestação da investigação
Malafaia também disse que não tem envolvimento em conspirações. De acordo com ele, as conversas que manteve com Bolsonaro e outros parlamentares eram pessoais ou políticas, dentro de sua liberdade como cidadão e líder religioso.
O pastor também denunciou o que chamou de “vazamentos seletivos” de conversas privadas. Para ele, essas informações são usadas de forma política para desgastar sua imagem. Apesar disso, garantiu que não tem nada a esconder. “Sou um líder religioso, não sou bandido nem moleque. O que estamos assistindo no Brasil é uma vergonha”, afirmou.
Repercussão política e eleitoral
A entrevista reforçou a proximidade entre Malafaia e Jair Bolsonaro. No entanto, ele fez questão de destacar que mantém independência em suas posições. Para o pastor, não é o momento de definir o candidato do campo conservador para 2026.
Ele lembrou que, em 2018, Lula anunciou Fernando Haddad como substituto apenas às vésperas da eleição. Assim, Malafaia argumentou que a política exige paciência estratégica. Enquanto isso, a base bolsonarista deve se manter unida e mobilizada.
Entre a fé e a política
O episódio mostra que Silas Malafaia se consolidou como um dos principais porta-vozes da ala evangélica conservadora. Sua atuação vai além do púlpito, alcançando também o campo político e midiático.
A entrevista, concedida poucas horas após ser alvo da PF, não foi apenas uma reação emocional. Pelo contrário, tratou-se de uma estratégia de comunicação. Dessa forma, Malafaia buscou transformar a narrativa da investigação em mais um capítulo de sua disputa contra o STF e em um combustível político para sua base.
A entrevista de Silas Malafaia após a operação da PF marca mais um episódio de tensão entre setores conservadores e o Supremo Tribunal Federal. Enquanto a Justiça o investiga por participação em uma organização criminosa, ele se apresenta como vítima de perseguição e censura.
Apesar da incerteza sobre os próximos passos, o pastor deixou claro que pretende usar cada espaço de fala para manter acesa sua influência política e religiosa. Portanto, sua postura deve continuar impactando os debates públicos, especialmente diante das eleições de 2026.